Depois de passar os últimos dois anos apanhando mais do que cachorro que ficou perdido por ter caído de caminhão de mudança, e de ter comido o pão que foi amassado pelo sem-feição, o pé rachado, o cão, com a sua própria mão, os companheiros e companheiras boiadeiros brasileiros até que enfim tão tendo motivo pra acreditar que o seu padecimento tá perto do fim. O caso é que, conforme tem sido falado aqui dia sim e outro também, a pecuária brasileira já começou a virar o ciclo, com o esmagrecimento na oferta de animais, a valorização da reposição e a recuperação na cotação da arroba. Nem carece gastar o tempo da nossa distinta audiência com a explicação dos motivos desta situação, porque isso aqui já é da sabedência geral e, sendo um movimento natural do mercado, todo mundo já sabia que mais dia ou menos dia o vento mudaria de direção.
Pois então, esticando agora a vista pra ver o que é que deve acontecer com a atividade daqui pra frente, a amiga pecuarista nem precisa ser especialista nas artes da adivinhação pra saber que, já a partir do ano que vem, deve diminuir a disponibilidade de carne aqui no nosso terreiro, né. Conforme o pessoal da consultoria Datagro, que promoveu recentemente um grande evento aqui na capital paulista, a previsão é de que o abate de animais no país venha a cair alguma coisa na roda de 4,6% agora no ano entrante de 2025, e de 7,5% no 2026 que tá um pouco mais distante. Claro que isso representa uma baita redução, mesmo fazendo aqui a recordação de que, pelo menos na sua metade abrideira, o ano presente já registrou o maior volume de animais abatidos na história da indústria frigorífica brasileira, né.
A primeira consequência desta diminuição vai aparecer na nossa praça boiadeira, com a recuperação do valor da arroba, pra aliviação das contas dos fazendeiros que conseguiram sobreviver a esta que foi uma das piores quedas da cotação desde que a primeira boiada foi desembarcada no país no tempo da colonização. Já a respeito dos efeitos disso sobre o nosso consumo caseiro, todo aumento de preço é motivo de assustamento pra população, mas ainda é cedo pra dizer se o açougueiro tem razão de temer uma queda maior do movimento no balcão do seu estabelecimento. Já pro mercado internacional, o esmagrecimento na oferta de carne do Brasil, que é o maior fornecedor mundial, vai ser uma grande complicação pros países importadores, que finalmente vão ter de largar mão de sovinagem e começar a melhorar o pagamento pra poder garantir o seu abastecimento.