Correndo com o serviço pra dar conta dos comentários faltantes a respeito de alguns assuntos importantes do noticiário do setor pecuário em geral, a gente ainda tá devendo aos companheiros e companheiras boiadeiros a nossa análise a respeito do caso do acordo de liberação comercial entre o Mercosul e a União Europeia, aquele mesmo que todo mundo achava que tinha morrido e sido enterrado, mas pelo jeito parece que foi ressuscitado. Pois o que tem pra ser contado é que, depois de terem praticamente desistido da negociação, representantes dos dois blocos anunciaram que, finalmente, tinham resolvido todas as pendências e o acordo tava pronto pra ser assinado. A questão é que, desde que essa história começou, a gente já escutou essa conversa, de que tava tudo certo, dezenas de vezes, e por conta disso logicamente é muito mais fácil duvidar do que acreditar, né.
Pois quase imediatamente depois do anúncio, o povo lá da nossa diplomacia acabou reforçando a desconfiança geral, fazendo a lembrança de que, em 2025, deve entrar em vigor a lei da União Europeia que proíbe, e castiga com duras penalidades, a importação de produtos de áreas desmatadas depois de 2020d, sem levar em consideração se, pela legislação brasileira, no caso, o desmatamento foi feito dentro da legalidade ou não. Aí, o vivente só precisa ser minimamente esperto pra perceber o absurdo da situação que seria criada se o acordo fosse assinado agora, porque o Brasil, assim como o Mercosul, deixaria escancarada a porteira do seu mercado pros produtos da Europa, mas certamente teria a maior parte das suas exportações proibidas por causa desta questão da Lei do Desmatamento.
Tendo a perfeita compreensão de que esta pretensão dos países lá do outro lado do mar oceano representa uma gravíssima ofensa à inteligência dos povos aqui da América do Sul, o governo brasileiro tinha pedido que a aplicação desta tal legislação seja cancelada, ou pelo menos adiada em um ou dois anos, porque do jeito que ela tá, não dá nem pra conversar, mas eles nem pensaram direito e mandaram dizer que o pedido não foi nem será aceito. O Brasil tem uma lei ambiental extremamente rigorosa, que protege efetivamente o meio ambiente, coisa que a Europa não fez no passado. Mas a gente também sabe perfeitamente que, em vez disso, a união europeia acha que ainda pode continuar com o chicote colonial na mão, ameaçando quem não aceita mais ser colonizado, né. Pois já passou da hora de parar com essa negociação, que no fundo virou só encenação, e mandar essa gente ir catar coquinho em outro lugar do mundo.