Conforme já é da sabedência de todo mundo, depois de ter passado os últimos dois anos sendo obrigado a comer o pão amassado pela mão do diabo, o próprio cão, o sem-feição em pessoa e pestilência, o companheiro fazendeiro brasileiro enfim tá podendo ter a esperança de que este tempo muito ruim tenha chegado ao fim, por conta da mudança do ciclo da pecuária nacional e da melhora dos preços em geral, né. Pois então, tendo agora um pouco mais de tranquilidade pra assuntar o rumo que deve ser tomado pela nossa atividade daqui pra frente, a gente levantou algumas informações que podem ajudar nesta função. A primeira questão de relevância é que períodos de baixa o setor sempre vai ter, mas este que tá acabando agora foi um dos piores da história, e um dos motivos foi o forte crescimento da oferta de carne e de animais no mercado do gado de corte.
Repare a amiga pecuarista que, de acordo com os especialistas em agropecuária do Itaú BBA, mesmo depois da redução nos abates na parte final do ano, o 2024 deve terminar com um aumento de 13% na produção de carne bovina, na comparação com o seu ano predecessor. Pois a situação só não foi muito pior porque, junto com a produção, o que também teve um extraordinário engordamento foi a demanda, tanto aqui no nosso próprio terreiro quanto no estrangeiro, e isso ajudou a não deixar a nossa praça boiadeira afundar mais ainda na descida da ribanceira. A respeito do comportamento do nosso mercado caseiro, um estudo apresentado pelo pessoal do mesmo banco deixou demonstrado que, atualmente, o consumo anual subiu pra 32KG de carne por pessoa, contra 24,2KG em 2022.
Além da redução do preço no balcão do açougue, o que deu uma grande contribuição pra que este resultado fosse alcançado foi a diminuição do desemprego, que no trimestre terminado em agosto chegou a 6,6%, o menor já registrado nestes meses considerados, conforme o IBGE, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Já a respeito da inflação, o índice geral apresentou uma ligeira alta no mês passado, mas na conta só da alimentação, o que aconteceu foi uma nova queda, de 5,9 pra 5,6%. E pra arrematar a prosa, segundo a Secex, que é a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, de janeiro até agosto o Brasil já tinha exportado mais de um 1,8 milhão de toneladas de carne, ou 27,9% a mais do que no período correspondente do ano passado.