Aleluia, aleluia, neste mundo que rodopia feito pião desgovernado, quando o vivente já tá ficando desacorçoado com tanta falsidade e traição, de repente lá num belo dia um raio alumia o céu e devolve uma pitada de razão pra gente que toma decisão sem responsabilidade nem compromisso com a realidade. Pois a novidade é que a união europeia anunciou oficialmente na semana passada que resolveu adiar por um ano a aquela lei que proíbe a entrada no mercado deles de qualquer coisa que tenha sido produzida em área desmatada depois de 2020. A nova regra, que deveria começar a valer no dia 30 de dezembro do ano presente, tava sendo motivo de grande preocupação não só pros exportadores do mundo inteiro, mas também pros importadores europeus que dependem desse fornecimento pra garantir o seu abastecimento.
Assim mesmo, esta mistura de autoritarismo da época colonial com protecionismo comercial, apresentada enganosamente como sendo de interesse ambiental, ainda vai dar muito pano pra manga, porque a encrenca tá sendo jogada mais pra frente, mas continua do mesmo tamanho. O caso é que, no comunicado publicado na praça, os dirigentes do bloco disseram que nada vai ser mudado no texto atual, e o adiamento é só pra que os fornecedores estrangeiros tenham mais tempo pra atender aos rigorosos requerimentos da nova legislação. Pois o problema é justamente este, né, porque do jeito que esta assombração legal foi escrita, pelo lado dos exportadores vai ser muito difícil, pra não dizer impossível, algum país, alguma indústria ou algum produtor rural conseguir cumprir tudo o que tá determinado lá, nem daqui a um ano, nem nunca.
E além dessa enorme dificuldade desmedida e desnecessária, especialmente no caso da nossa pecuária, o papelório punitivo e persecutório ainda desrespeita a legislação brasileira, que permite sim, e com perfeita razão, o desmatamento legal, dentro de condições bem determinadas, sem prejuízo da conservação ambiental. Já pra quem tá lá do outro lado do balcão, a grande questão vai ser ter certeza de que o que tá sendo importado não vai fazer nem um risquinho nesse muro criado de caso pensado pra tirar do mercado os concorrentes mais competentes, né. Aí, na dúvida, as empresas europeias não vão comprar, e o resultado vai ser falta de várias matérias primas, desabastecimento, aumento geral de preços, inflação e chicote no lombo da população, isso lá no terreiro deles, né. E a gente aqui achava que os dirigentes do bloco europeu fossem muito inteligentes, né.