Com a nossa praça boiadeira largada e desembestada na subida da ribanceira desde o começo do mês passado, os companheiros e companheiras fazendeiros devem ter reparado que a gente nem tá tendo tempo de comentar, com prazo maior de prosa e pensamento, o caso que tá sendo acontecido no mercado, né. Pois então, estando o carretão numa hora de mudança de direção, e sendo carecido assuntar bem o rumo que ele vai tomar daqui pra frente, o assunto foi trazido aqui pra esta abrideira, onde ele pode ser melhor destrinchado. Conforme as contas feitas pelo pessoal do Portal DBO, com dados da Scot Consultoria, nos trinta dias contados de sexta-feira passada pra trás, aqui no estado de São Paulo o boi comum já tinha subido 47 reais, passando de R$250, no dia 11 de setembro, pra R$297 no 11 de outubro.
No mesmo período considerado, o animal destinado pra exportação, que é abatido com no máximo trinta meses de era, teve um aumento de 45 reais, enquanto a vaca gorda ficou 40 reais mais cara. Ao mesmo tempo, a oferta de boiada terminada, que nesta época do ano já e naturalmente mais apertada, esmagreceu mais ainda porque, com a arroba subindo mais ligeiro do que rojão de vara em festa de São João, quem tem algum lote que já poderia ser vendido não tá querendo fazer a negociada agora, preferindo esperar e arriscar pra ver até onde o preço vai chegar. O resultado e que, hoje, na média aqui dos frigoríficos paulistas a programação não passa mais de cinco ou seis dias de serviço, isso apesar dos seguidos reajustes na cotação, que claramente não tão sendo suficientes pra diminuir a forte carestia de mercadoria.
Repare agora a amiga pecuarista que, com o avançamento do tempo, o gado que tá sendo engordado na segunda rodada do confinamento vai começar a chegar em maiores quantidades, desapertando pelo menos um pouco o abastecimento. Logicamente que esse crescimento da oferta deve provocar algum amansamento nesta atual arribada geral do mercado, mas nem o mais pessimista dos analistas tá achando que o boi pode pegar a descida na ribanceira. De qualquer maneira, a hora agora é delicada e, a menos que o companheiro boiadeiro tenha partes com as artes da adivinhação, ficar esperando a cotação subir pra pegar o máximo valor é um procedimento muito arriscado, porque a qualquer momento o vento pode mudar de lado. O mais recomendado, então, é vender em lotes picados, porque na média dos preços recebidos é bem mais fácil conseguir garantir o lucro pretendido.