E a gente começa esta abrideira pedindo a atenção dos companheiros e companheiras fazendeiros pro relatório mais recente da Secex, a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento a respeito da balança comercial do setor leiteiro brasileiro em setembro, que tem duas notícias relevantes, uma mais ou menos boa e outra mais ou menos ruim. Começando então a contação pela melhor parte da história, o caso foi que, no mês passado, as nossas exportações apresentaram um forte crescimento de vinte e dois por cento sobre agosto do ano presente, com os embarques chegando ao equivalente a 4,9 milhões de litros. A parte principal explicação pra esta situação é a questão cambial, com o dólar estando ainda muito valorizado em relação ao real, o que aumenta o poder de competição de tudo o que o Brasil vende no mercado internacional.
Na outra mão desta mesma estrada, na direção de entrada aqui no nosso mercado caseiro, as importações da indústria laticinista e dos distribuidores brasileiros andaram pro lado contrário, diminuindo pra 182,1 milhões de litros, com um esmagrecimento muito ligeiro de 0,3%, na comparação mensal. Logicamente que este resultado é menos ruim do que o do mês retrasado, quando o que aconteceu foi um forte aumento das compras externas, né, mas a redução foi muito pequena e o volume trazido lá de fora continua absurdamente grande, sendo ainda motivo de justa preocupação pro pecuarista brasileiro. Pois então, a questão agora é de firmar a vista pra tentar enxergar a direção que o carretão vai pegar no eito, e a este respeito a primeira questão a ser levada em consideração é o comportamento do preço aqui no nosso próprio terreiro.
De acordo com o pessoal do portal Milkpoint, apesar dos recentes aumentos nas cotações nos principais países exportadores do mundo, alguns derivados, como a muçarela e o leite em pó integral, ainda tão custando mais caro aqui do que no mercado internacional, e isso quer dizer que eles vão continuar fazendo forte concorrência pros produtos nacionais. Além disso, conforme já é da sabedência dos amigos e amigas produtores que nos dão a honra de ter a sua audiência, o Uruguai e a Argentina são os fornecedores de praticamente 100% dos laticínios que a gente compra lá fora, por causa dos acordos do Mercosul, né. Acontece que, com esta alta geral, já tá sendo mais vantajoso pra eles vender pra outros países compradores, e aí, se o carretão não mudar de direção, os importadores brasileiros vão ter de campear mercadoria em outras freguesias.