A gente tem falado aqui dia sim e outro também, e disso os companheiros e companheiras boiadeiros já tão perfeitamente sabelizados, que a parte principal da explicação pra situação atual da nossa praça boiadeira, que tá desembestada na subida da ribanceira, é o extraordinário encurtamento na oferta de boiada terminada em todas as principais regiões de comercialização de animais do país inteiro, né. Pois mesmo quem não tá assim tão erado nesta lida de gado deve tá tendo algum estranhamento com este comportamento do mercado pecuário porque, de acordo com o calendário da atividade, esta hora de agora normalmente é de saída em maiores quantidades dos lotes do confinamento. O caso é que esta negociação de certo que tá em andamento, mas pelo menos até aqui esta mercadoria ainda não teve a serventia de amansar a alta da cotação.
E já era pra esse amansamento tá acontecendo, né, também porque, pelo que a gente já tinha de informação, esta segunda rodada da presente temporada do cocho apresentou um substancioso crescimento em relação à primeira, por conta das boas condições de custo e de produção, e das previsões de melhora no preço e na comercialização. Pois então, o que tem pra ser contado é que o tamanho do rebanho fechado agora teve sim um considerável aumento, e essa boiada tá sendo negociada normalmente, mas a importância da sua chegada na praça tá sendo limitada por uma combinação de questões que só recentemente ganharam mais relevância. A primeira delas é que, como sempre, praticamente todo o gado confinado é vendido antecipadamente, no mercado futuro, por um valor que já tava fechado lá atrás, que agora não pesa mais na formação da cotação atual.
Mas quando o povo frigorífico viu que o aperto na oferta era muito maior do que eles tavam imaginando, os compradores passaram a disputar quase no tapa o pouco de gado que ainda não tinha sido negociado, e isso fez o carretão disparar de vez na subida do estradão. Além disso, a forte estiagem, que arrasou as pastagens e tá atrasando a sua recuperação, vai fazer aumentar mais ainda a carestia de mercadoria, agora e um pouco mais ali na frente, né. O problema é que, ao mesmo tempo, o consumo de carne aumentou extraordinariamente, muito mais do que era o esperado pelo mais otimista dos especialistas do mercado, tanto aqui no nosso próprio terreiro quanto lá no estrangeiro, e o resultado é que, pelo jeito que o vento tá batendo no eito, nem nas invernadas nem no confinamento vai ter boiada suficiente pra segurar a cotação e garantir alguma folga no abastecimento.