E a gente começa esta abrideira pedindo especial atenção dos companheiros e companheiras produtores de leite do Brasil inteiro porque o Cepea, que é o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq de Piracicaba, aqui no estado de São Paulo, acaba de divulgar o seu balanço a respeito da evolução dos preços do setor em outubro, e o resultado é merecedor de moderada comemoração. Pois então, o caso foi que, na média nacional, o valor chegou a R$2,86 por litro, o que representou um aumento de 3,3% em relação a setembro do ano presente. Já na comparação com outubro do ano passado, aí o que aconteceu foi uma fortíssima alta de 33,8%, isso em termos reais, ou seja, estando já descontada a inflação oficial registrada de lá pra cá.
E já pedindo perdão por abusar de numerologia, mas ressaltando a sua importância pro entendimento da situação, considerando agora os meses de janeiro até setembro deste 2024 que tá em andamento, o valor médio recebido pelo produtor, que foi de R$2,58, ainda tá 4,7% abaixo do que tinha sido registrado no período correspondente do 2023. Passando já pra parte da explicação pro rumo tomado pelo carretão no mercado, o que tem pra ser contado é que, por conta da carestia de mercadoria nestes meses recentemente passados, as indústrias tavam disputando quase no tapa o pouco de leite disponível na praça, e o resultado disso foi o aumento no pagamento oferecido ao fazendeiro. E por este mesmo motivo, a entrega do produto na usina teve um crescimento de 8,3% de agosto pra setembro.
Essa disposição dos fabricantes de largar mão de sovinagem e melhorar a cotação foi possível porque eles conseguiram finalmente passar pra frente os recentes aumentos no seu custo de produção. De acordo com o acompanhamento do Cepea, em setembro, no comércio atacadista aqui da praça paulista, o UHT, que é o leite de caixinha, subiu 7,6%, a muçarela teve alta de 2,7% e o leite em pó ficou 1,3% mais caro. Por outro lado, a previsão dos especialistas do Cepea é de que, já a partir do próximo pagamento, o preço pago ao pecuarista deve perder esta força subideira que ele tá demonstrando agora, primeiramente porque os laticínios já refizeram o seu estoque de derivados, e segundamente porque esta alta acontecida na produção já é suficiente pra garantir o abastecimento do mercado.