Assim como a gente, os companheiros e companheiras boiadeiros ou não do país inteiro que nos dão a honra da sua audiência tiveram sabedência e também ficaram revoltados com a mais recente canalhice protecionista contra a pecuária e os pecuaristas brasileiros, cometida pelo senhor Alexandre Bompard, que vem a ser o diretor geral e manda-chuva do grupo Carrefour na mundo inteiro. Fazendo uma recordação ligeira, o cidadão em questão disse que, pra apoiar os fazendeiros franceses na luta contra o acordo de liberação comercial entre a união europeia e o Mercosul, o gigante do setor supermercadista mundial simplesmente não vai mais vender carne produzida pelos países do bloco sul-americano. Mais do que isso, o tal sujeito ainda fez um apelo pra que outras empresas façam a mesma sacanagem, na maldosa e duvidosa intenção de defender o produto nacional deles.
Entre outras mentiras criminosas, nas entrelinhas do seu comunicado o indigitado dirigente do Carrefour pôs em dúvida a qualidade e a sanidade do nosso produto, e sugeriu que os criadores de gado franceses são uns pobres coitados injustiçados porque a legislação de proteção ambiental deles é muito mais rigorosa do que a nossa, o que não é nem meia verdade, né. Pois a declaração absurda, desonesta e mal intencionada do seu fulano lá produziu aqui uma forte onda de justa indignação contra tamanha barbaridade, encabeçada pelo ministério da agricultura e com o reforço das principais entidades do setor, no Brasil e em todo o mercosul. Não é novidade pra ninguém que, sendo a França um dos países mais protecionistas do mundo, eles são raivosamente contra o acordo, que aliás tá sendo negociado faz vinte e cinco anos e parece que tá pronto pra ser assinado, né.
Desfeiteando da verdade, o chefão do Carrefour finge não saber que o pecuarista brasileiro é muito mais competente do que os seus colegas franceses, que são viciados em mamar nas tetas do governo, sempre muito generosas no pagamento de subsídios bilionários, criados pra que o vivente não tenha de se preocupar em disputar mercado com concorrentes mais eficientes. Logicamente que ninguém é obrigado a comprar qualquer coisa de quem quer que seja, mas o comércio internacional tem leis que precisam ser respeitadas, o que o Carrefour faz questão de ignorar. De qualquer maneira, a direção do grupo francês, que ganha muitos caminhões de dinheiro por dia no comércio varejista brasileiro, mandou avisar que essa bestagem vale só lá na França, e que aqui no nosso terreiro não muda nada no abastecimento dos seus estabelecimentos. Ah, então tá, só precisa ver se a gente ainda vai querer comprar lá, né.