Depois do grande assustamento provocado pela estralada de rojão na comemoração da virada de ano, no sertão e na chapada, só agora é que a passarada tá voando mais sossegada, na mataria a cutia recentemente parida já tá saindo do ninho pra passear com os filhotinhos, enquanto a gente aqui já vai retomando a lida e voltando a pelejar pra ganhar a vida. Pois então, com a junta da guia animada e o carretão ganhando chão na estrada, o que tem pra ser contado é que o cepea, que é o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq de Piracicaba, aqui no estado de São Paulo, divulgou na semana passada o seu balanço a respeito do movimento no setor leiteiro no trecho derradeiro do 2024 que acaba de ser arrematado, e resultado foi bem diferente do que o fazendeiro brasileiro gostaria, mas ficou dentro do que era esperado pelo povo do mercado.
O que aconteceu foi que, na média nacional, o preço pago ao produtor no mês passado, pelo leite entregue na usina em novembro, ficou em R$2,63 por litro, o que representou uma substanciosa queda de 6,4% em relação a outubro. Já na comparação com novembro do 2023, o caso foi de uma forte alta de 25,9%, isso em termos reais, ou seja, estando já descontada a inflação oficial registrada no período considerado. De acordo com os especialistas do Cepea, a parte principal da explicação pra esta mudança na situação foi o aumento da produção em várias das maiores regiões leiteiras do país, por conta da da entrada da estação das águas e da recuperação das pastagens, que depois de alguma demora agora já tão em condição de fornecer comida suficiente pra sustentar a vacada.
Apesar da melhora no rendimento na ordenha no trecho final do ano, o pessoal do Cepea tá achando que, na média do 2024 inteiro, a captação de leite pelos laticínios deve ter um crescimento relativamente pequeno, na roda de 2%, porque o custo da alimentação do rebanho continuou avançando, ao mesmo tempo em que o poder de compra do fazendeiro continuou encurtando. E pelo mesmo motivo de apertamento na margem do pecuarista, a previsão dos analistas do centro é de que, neste ano entrante de 2025, a produção vai ter um engordamento parecido, ficando entre 2 e 2,5%. Por outro lado, com o aumento da oferta interna, a indústria entrou em dezembro com um bom estoque de mercadoria na câmara fria, enquanto a importação ficou parada no volume equivalente a 209,5 milhões de litros em novembro, a mesma quantidade que tinha sido registrada em outubro.