Conforme os companheiros e companheiras boiadeiros brasileiros já foram devidamente informados pelos nossos noticiários aqui na televisão e disso já têm bem sabedência, o governo alemão confirmou na semana passada a ocorrência de um foco de aftosa numa fazenda de criação de búfalos numa localidade não muito longe de Berlim, a capital do país. De acordo com a informação oficial das autoridades sanitárias, três animais apresentaram resultado positivo pra febre desgracenta, e aí foi um perereco danado, com gente correndo pra todo lado, pra tomar com urgência as providências obrigatórias pra esta situação de grave emergência. De acordo com as normas internacionais, os animais foram abatidos e destruídos e a região foi isolada, ficando proibido ainda o transporte e a comercialização de gado e de produtos como carne, leite e derivados das propriedades locais.
Logicamente que o povo lá tá absolutamente surpreendido e muito assustado, porque o último surto da doença no rebanho alemão tinha sido registrado no já muito distante ano de 1988, ou há 36 anos, né. E muita gente também lembrou da grande tragédia acontecida em 2001 no Reino unido, que é mais ou menos perto dali, quando uma gravíssima epidemia de aftosa provocou o abate de nada menos que seis milhões de animais e um prejuízo de alguns bilhões de euros. A gente aqui sempre foi da opinião de que pimenta no olho dos outros não é refresco, e o caso então é de torcer pra que a Alemanha consiga resolver logo esta terrível situação, mas este triste acontecimento levanta duas questões merecedoras de prazo maior de prosa e pensamento pra quem ganha a vida na lida de gado aqui no nosso próprio terreiro.
A primeira é que não existe barreira, em lugar nenhum do mundo inteiro, capaz de segurar o vírus maldito, e a ninguém nunca vai poder ter 100% de segurança de que ele não vai reaparecer. E especialmente nesta hora em que o Brasil tá esperando agora pra maio do ano presente o reconhecimento internacional como área livre de aftosa sem vacinação, o que as nossas autoridades sanitárias têm de fazer é investir mais fortemente ainda na vigilância e na prevenção, e torcer pra que nada de ruim venha a acontecer. E a segunda reflexão é que só nestes meses recentes a Europa já enfrentou surtos de gripe aviária na França, de doença da língua azul em vários países e agora, de aftosa na Alemanha. É mais do que suficiente pra calar a boca suja dos políticos e fazendeiros europeus que vivem falando besteira a respeito da qualidade e da sanidade da carne brasileira, né.