Conforme a gente tem falado aqui dia sim e outro também, e isso já é da sabedência dos companheiros e companheiras boiadeiros que nos dão a honra de ter a sua audiência, o setor exportador de carne bovina começou o ano em grande animação, em vez de esmorecer, como seria o roteiro costumeiro de todo começo de janeiro, né. A explicação pra esta situação é que, primeiramente, o produto brasileiro continua sendo um dos mais baratos do mundo inteiro e, segundamente, que a disparada do dólar em relação ao real aumenta substanciosamente o poder de competição de tudo o que a gente vende no mercado internacional. Mas de toda a nossa imensa freguesia, formada por mais de cento e setenta países, tem um que tá especialmente apressado pra fechar logo a compra da maior quantidade possível da nossa mercadoria, que é os Estados Unidos da norte américa.
O motivo dessa ansiedade do povo lá de riba é que, como também já é do conhecimento da amiga pecuarista, a porteira do mercado do gigante nortista tá aberta pra gente, mas só parcialmente. A questão é que as nossas exportações pra lá tão limitadas por uma cota muito apertada de só 65 mil toneladas por ano, e o que passar disso sofre uma pesada tributação. Aí, assim que o calendário virou, um verdadeiro enxame de importadores estadunidenses baixou em cima dos exportadores brasileiros, querendo garantir logo o seu pedaço no fornecimento. O resultado foi que, de acordo com o acompanhamento da consultoria Agrifatto, em menos de quinze dias do ano que mal tava começado eles já tinham comprado oitenta e cinco por cento do total que poderia ser negociado sem pagamento de taxa adicional.
A respeito do preço da nossa mercadoria, repare o amigo fazendeiro que, na semana passada, pegando São Paulo como referência, enquanto a arroba do boi brasileiro tava em US$53,9, nos Estados Unidos a cotação tava em US$105, o dobro da nossa. A questão é que hoje o rebanho norte-americano é o menor da história, e a produção local não tá dando conta de atender à demanda, especialmente da indústria de comida pronta, que lá é gigantesca, né. Tanto que, no ano passado, eles foram o nosso segundo melhor freguês no mercado internacional, comprando 532,6 mil toneladas, ou 49,1% a mais do que em 2023. O caso então seria de aumentar a cota atual, né, mas com aquele senhor de cabelo amarelo sentado de novo na cadeira presidencial, nem precisa se animar porque ele não vai deixar.