O Cepea, que é o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq, de Piracicaba, aqui em São Paulo, divulgou no final da semana passada o seu balanço a respeito do movimento no setor leiteiro brasileiro em dezembro, e o resultado não fugiu do que tava sendo esperado pelo povo do mercado. O que tem pra ser contado é que, na média nacional dos principais estados produtores do país, o preço pago ao fazendeiro no mês passado, pelo leite entregue na usina em novembro, ficou em R$2,58/litro, o que representou uma queda de 2,7% em relação ao pagamento anterior. Mas comparando com o período correspondente de 2023, o caso foi de um forte aumento de 21%, isso em termos reais, ou seja, já descontando a inflação oficial registrada neste espaço de tempo considerado.
Pois então, arrematando agora a conta do 2024 inteiro, repare o companheiro pecuarista que, na média do ano, o valor recebido pelo produtor foi de R$2,63/litro, ou 1,9% a mais, pareando com o 2023. De acordo com os especialistas do Cepea, o motivo do tombo acontecido no derradeiro mês do ano foi o andamento da safra e o aumento natural da oferta do produto no mercado. Mas no relatório distribuído na praça veio escrito também que o crescimento na produção foi bem dispareado entre os estados pesquisados, com o volume entregue na indústria subindo nas Minas Gerais, em São Paulo e na Bahia, mas caindo nos estados do sul e no Goiás. A explicação pra esta diferença foi o clima, que andou castigando a pecuária em geral em várias regiões do país.
No final, a média nacional teve uma diminuição de 1,4% de novembro pra dezembro, mas na soma do ano inteiro o resultado foi uma substanciosa alta de 18,3% na captação de matéria prima pelos laticínios incluídos no estudo. O que ajudou demais nesse engordamento da produção foi a melhora na margem do fazendeiro. Pegando o milho como exemplo, na média do 24 o produtor gastou o equivalente a 25 litros de leite pra comprar uma saca do grão, contra 27 litros em 2023. O problema é que, a partir de outubro, a despesa do pecuarista, especialmente com a nutrição do rebanho, desembestou de novo no rumo de morro acima, sendo que o custo operacional terminou o ano com alta de 2,8%, o que pode pôr um freio no crescimento da produção e provocar novos aumentos na cotação.