Conforme os companheiros e companheiras boiadeiros brasileiros já devem ter escutado, já faz uns dias que tá circulando em todo o mercado internacional da carne bovina uma conversa de que, como resultado desta guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, o gigante lá do oriente distante vai suspender totalmente as importações do produto do gigante ali da norte américa, o que, se for verdade mesmo, vai representar uma baita revolução pra nossa atividade no mundo inteiro. A questão é saber o que é que o Brasil pode ganhar ou perder no meio desse estica e puxa, tanto que, logo que esta história começou a circular, o nosso mercado futuro do boi gordo parou de cair e começou a reagir. Pois então, de acordo com a médica veterinária e economista Lygia Pimental, analista da Consultoria Agrifatto, mesmo que o caso seja confirmado quase nada deve mudar pro nosso lado.
Antes de começar a discussão, carece de fazer a recordação de que a interrupção do fornecimento ainda não foi confirmada oficialmente por nenhum dos dois países, mas é fato verdadeiro que os registros dos estabelecimentos estadunidenses autorizados a exportar pra China venceram e não se tem notícia de que tenham sido renovados. Mas repare bem a amiga fazendeira que, de acordo com os dados levantados pela Agrifatto, no ano passado os exportadores norte-americanos venderam pros importadores asiáticos 138.150 toneladas de carne, o que representa só 4,8% de tudo que os distribuidores chineses compraram no estrangeiro no período considerado. Já o volume fornecido pelo Brasil chegou a nada menos do que 46,4% do total.
Acontece que o produto vendido pelos Estados Unidos é do tipo mais valorizado no mercado, por sua alta qualidade, tendo sido negociado no ano passado pela média de US$10.270/t, ou 122% mais caro do que a nossa carne, que saiu na base de US$4.620/t. Por outro lado, o Brasil, mesmo se o nosso considerado freguês chinês pedisse, não teria essa mercadoria pra entregar, e quem poderia ocupar este lugar seria a Austrália e, talvez, a Argentina. Já o destino da produção estadunidense poderia ser o Japão e a Coreia do Sul, que são grandes importadores deste tio de carne. Pra gente não deve sobrar nada, mas independentemente disso, esta movimentação deve sim ser acompanhada com muita atenção, porque ela vai influenciar fortemente as cotações de todo o mercado mundial em geral.