Os companheiros e companheiras pecuaristas e o Brasil inteiro, receberam com grande assustamento a recente notícia do surgimento, no Rio Grande do Sul, de um foco de gripe aviária provocada pelo vírus chamado pelos cientistas de H5N1, que é o mais destruidor desta família de assassinos invisíveis saída do fundo do inferno pra espalhar terror, tristeza e sofrimento pelo mundo. Sem poder fazer a negação da verdade, a gente é obrigado a dizer que o caso é de extraordinária gravidade e certamente vai ter conseqüências absolutamente desastrosas pra toda a avicultura nacional. Como já é da sabedência geral, o Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango, tendo despachado pro estrangeiro, no ano passado, 5,3 milhões de toneladas, que renderam ao país a substanciosa soma de 9,9 bilhões de dólares.
De acordo com o CEPEA, que é o centro de estudos avançados em economia aplicada, da ESALQ de Piracicaba, aqui de São Paulo, só da porteira pra dentro a atividade emprega 213 mil pessoas. Com o pessoal da agroindústria, são mais 294 mil trabalhadores, e isso sem contar outros setores como transporte, financeiro, portos e comércio. Até agora, o país era o único entre os principais produtores de carne de frango e de ovos que ainda não tinha registrado casos desta desgraça em granjas comerciais. O risco de contaminação de pessoas por este tipo de gripe existe, mas é só pra quem trabalha e mexe diretamente com as aves infectadas. Assim mesmo, a doença é motivo pra suspensão das exportações, sendo que desde sexta-feira vários dos nossos principais compradores já fecharam a porteira pra mercadoria brasileira.
Os números desta tragédia são gigantescos e assustadores, e apesar do esforço que tá sendo feito pela defesa sanitária do estado e do ministério da agricultura, o incêndio vai ser difícil de ser apagado. Por outro lado, o que vai ficar, então, não só pra avicultura mas pra todo mundo, incluindo logicamente quem ganha a vida na lida de gado bovino, é um forte sinal de alerta, de que é questão de vida ou de morte acreditar que o perigo existe sim, e que contra ele ninguém deve contar só com a sorte. Imagine o companheiro e a companheira boiadeiros o que aconteceria se num dia desses aparecesse um foco de febre aftosa em algum rincão deste nosso imenso sertão, ou então um caso de vaca louca, daquela verdadeira. É de arrepiar só de pensar, né. Pois então, a assombração tá de plantão, e é extremamente necessário investir mais ainda trabalho, inteligência e dinheiro na prevenção, porque este é o único jeito de garantir a proteção possível pro rebanho brasileiro.