Nesta desgraça pelada que tá sendo o aparecimento dessa assombração representada pela gripe aviária no Rio Grande do Sul, não tem nenhum lado bom, e de qualquer jeito que se olhe só o que se vê é uma imensa consumição pra toda a pecuária brasileira, incluindo também os suínos e os bovinos. Mas no meio desse enredo de prejuízo, desilusão e medo, ganhou força uma discussão que é de extraordinária importância pra cadeia produtiva de todas as nossas carnes, que é a necessidade de regionalização das questões relacionadas à sanidade da criação. Conforme já é da sabedência geral dos amigos e amigas que fazem parte da nossa audiência, assim que a existência da doença foi confirmada, o próprio governo brasileiro suspendeu as exportações de carne de frango pra um grande número de compradores, inclusive pro campeão da relação, que é a China, né.
A explicação é que esta medida extremamente rigorosa faz parte dos acordos comerciais assinados com estes países, e em todos os casos foi uma exigência deles pra abertura da porteira dos seus dos mercados pras mercadorias brasileiras. A companheira boiadeira decerto que tem bem recordação das vezes em que as nossas exportações de carne bovina lá pro gigante do oriente distante foram interrompidas por causa daqueles casos de falsa vaca louca, que aliás não representavam perigo nenhum, nem pros rebanhos, nem pra pessoas, né. Pois então, todas as vezes que aconteceu uma miséria dessas, como agora nesta história da gripe do frango, a produção do país inteiro foi embargada. Acontece que o Brasil é um mundo de chão, com uma extensão de nada menos que oito milhões e meio de quilômetros quadrados, e o foco da doença tá só lá no sul do país.
Considerando que vírus não tem passaporte nem reconhece fronteiras, o risco de contaminação tá muito mais próximo do Uruguai e da Argentina do que da Bahia, do Ceará ou de outros estados brasileiros, e pra estas regiões o embargo é uma grave injustiça, né. Aí, na semana passada, pra esquentar a discussão, a Coreia do Sul, que também é um importante freguês do Brasil neste mercado, anunciou que, por vontade própria, mudou a proibição da importação só pro Rio Grande do Sul. Antes, a Rússia, a Arábia Saudita e mais 15 países também já tinham tomado a mesma medida, enquanto os Emirados Árabes Unidos e o Japão embargaram só o município onde o foco apareceu. Pois então, pro governo brasileiro o caso é de aproveitar a ocasião e investir numa forte campanha no mundo inteiro a favor da regionalização e da mudança no atual entendimento da questão.