Aleluia, aleluia, aleluia, e conforme é o nosso procedimento costumeiro, se a louvação tá sendo repetida três vezes é porque o caso que agora vai ser contado é de importância extraordinária pra pecuária brasileira, tanto que, na vendinha da freguesia, até já acabou o estoque de rojão, porque tá todo mundo se preparando pra fazer uma grande comemoração. Pois então, o que tem pra ser contado é que, depois de muitos e muitos anos de luta, finalmente tá chegado o dia tão esperado em que o Brasil inteiro vai ser declarado oficialmente como área livre de aftosa sem vacinação pela OMSA, a Organização Mundial de Saúde Animal. O anúncio deve acontecer nesta quinta-feira, dia 29, em Paris, a capital da França, e vai marcar a conclusão de um rigoroso processo de avaliação técnica por parte dos cientistas e especialistas da instituição.
Decerto que os companheiros e companheiras boiadeiros têm perfeito conhecimento do significado e do tamanho da importância deste acontecimento, que vai mudar sbstanciosamente a posição atual do Brasil no mercado internacional. Em primeiro lugar, este reconhecimento que a gente vai receber deve finalmente abrir pra carne brasileira as porteiras de alguns dos países mais exigentes do mundo, que pagam os melhores preços da praça, mas que ainda continuam fechados debaixo do cadeado do protecionismo comercial, disfarçado de prevenção sanitária, que proíbe a entrada do produto de gado vacinado. E ainda mais numa hora como esta de agora, com a oferta da proteína bovina apresentando um forte esmagrecimento, e com a demanda crescente, vai ter muita gente que antes desfeiteava do nosso produto querendo entrar na fila pra garantir o seu abastecimento.
Mas não vai ser só na questão econômica que o diploma de livre sem vacinação vai fazer uma revolução, e a decisão da OMSA também vai entrar pra história como o dia da glória e da nossa vitória contra a aftosa. Quando o Brasil começou esta guerra, há mais de 50, muitos milhares dos fazendeiros e fazendeiras de hoje ainda tavam brincando de boizinho de sabugo e cavalinho de pau no quintal, ou nem tinham nascido, né. Pois então, no álbum das nossas recordações vão ficar as lembranças das gigantescas mobilizações nas campanhas de vacinação, do rodeio da boiada e do esforço da companheirada pra dar conta da empreitada. Mas a comemoração vai ter só um dia de duração, porque a luta contra a febre desgracenta nunca vai acabar, e a questão agora é de prestar ainda mais atenção na prevenção, pra não arriscar de deixar alguma fresta pra esta assombração voltar.