Nesta época do ano, de pleno outono, os companheiros e companheiras pecuaristas brasileiros tão acostumados com o comportamento altista do preço oferecido pela indústria laticinista no mercado, por conta do esmagrecimento da oferta, que acontece quando o dia encurta, o pasto seca e a produção aperta, né. Pois o que tem pra ser contado é que neste 2025 que tá em andamento a natureza resolveu mudar o seu procedimento, e o que aconteceu foi que o valor pago ao fazendeiro em maio, pelo produto entregue na usina em abril, caiu 3,3%, pra dois reais e setenta e quatro centavos por litro, na média das principais regiões leiteiras do Brasil. Assim mesmo, esta cotação ainda é 5,7% a mais do que no período correspondente do ano passado, isso em termos reais, ou seja, estando já descontada a inflação registrada neste espaço de tempo considerado.
A primeira parte da explicação pra esta situação foi a chuva, que custou pra chegar mas depois, pra compensar, demorou mais do que o normal pra acabar, o capim durou mais e a vacada teve mais prazo pra aproveitar. Além disso, o custo dos grãos, como o milho, principalmente, que são a base da alimentação das matrizes no cocho, continuou aumentando sim, mas numa toada bem mais sossegada do que no ano passado. E pra completar esta conjuminação favorável pro lado do produtor, o preço recebido pelo leite tava até que bem razoável, garantindo uma boa rentabilidade. Aí, tendo menos dificuldade pela frente, o vivente investiu mais na atividade, e o resultado lógico foi que a produção, que já deveria tá começando a diminuir, porque a entressafra já tá chegando em algumas regiões importantes do país, continuou aumentando.
De acordo com a pesquisa, na média nacional o índice de captação de leite teve um crescimento de 3% de março pra abril, um percentual maior do que seria o normal pra esta época. O problema é que o consumidor brasileiro, assustado com a alta do leite e dos derivados, tá ficando cada vez mais alongado do mercado, e aí o setor distribuidor foi obrigado a cortar o preço da mercadoria pra não perder de vez a freguesia, né. No comércio varejista aqui na praça paulista, por exemplo, o queijo muçarela, que é um dos produtos mais vendidos, teve uma queda de 3% em abril, na comparação mensal. Passando então o traço e fechando a conta, considerando o jeito que o vento tá batendo no eito a previsão dos especialistas do Cepea é de que o preço ao produtor vai continuar caindo, e não vai ser já que o carretão vai mudar de direção.