A estralada de rojão ainda tá fazendo eco lá nos fundos do chapadão, e pelo sertão inteiro o povo continua fazendo comemoração, com muita razão, por causa do reconhecimento oficial, na semana passada, do Brasil como zona livre de aftosa sem vacinação por parte da OMSA, a Organização Mundial de Saúde Animal. Olhando pelo lado comercial, esta é a melhor notícia recebida nos últimos anos pelos companheiros e companheiras boiadeiros do país inteiro, e isso nem carece de discussão, né. Mas também é verdade verdadeira mesmo que, pela própria natureza do assunto, a decisão de parar de aplicar a injeção, que foi tomada lá atrás pelas autoridades sanitárias nacionais, com apoio de várias das principais entidades representativas da pecuária, tem um custo bastante alto, que é o aumento tanto do risco pro rebanho quanto da responsabilidade de todos os setores da atividade em relação a segurança do nosso gado.
Logicamente que, nesta hora em que a gente tá agora, ainda é muito cedo pra fechar a conta dos prós e contras da situação, porque tem muita coisa pra acontecer pra se poder chegar a uma conclusão, né. Mas fazendo um inventário ligeiro, repare o amigo boiadeiro que, conforme todo mundo tem bem sabedência, a conseqüência lógica do fim da vacinação é que o gado fica sem nenhuma proteção, e se o vírus maldito resolvesse reaparecer a doença se espalharia de maneira muito mais ligeira, com resultados muito mais graves. Claro que este risco foi estudado e calculado pelos cientistas especialistas, e a opinião geral foi que a possibilidade de acontecer uma desgraça desse tipo é mínima, pra não dizer inexistente, mas assim mesmo vai ser fundamental que tanto os fazendeiros quanto o governo façam daqui pra frente, e constantemente, um fortíssimo investimento em prevenção.
Passando agora pro lado bom da história, a primeira questão é que o fruto desta a árvore em questão deve sim ser muito saboroso, mas é forçoso lembrar que ela acabou de ser plantada e a produção pode ser demorada. O problema é que, no comércio internacional de qualquer coisa, e de carne de forma especial, nada acontece de uma hora pra outra, e isso quer dizer que tem um bom pedaço de chão pra ser percorrido no eito antes que o reconhecimento de área livre sem vacinação comece a fazer efeito, com a tão sonhada abertura dos tais mercados compradores que vão pagar pela nossa carne muito mais do que os preços atuais. De qualquer maneira, a recomendação é pra companheira fazendeira ficar preparada pra aproveitar a próxima abertura dessas porteiras e, quando chegar esta hora, poder oferecer a mercadoria desejada por esta nova e rica parcela da nossa freguesia.