As condições climáticas típicas do inverno já começam a impactar o andamento da colheita de café arábica no Brasil. Levantamentos do Cepea revelam que as chuvas frequentes e o frio registrado nos últimos dias nas principais regiões produtoras do país reduziram o ritmo dos trabalhos de campo nesta fase inicial da safra 2025/26.
As precipitações limitam o acesso às lavouras e impedem a secagem adequada dos grãos, enquanto o clima mais ameno desacelera a maturação dos frutos. Apesar disso, não há registro de perda de qualidade no café colhido até o momento, segundo os agentes consultados pelo Cepea.
O cenário contrasta com o que foi observado na mesma época do ciclo anterior, quando o calor acima da média acelerou o amadurecimento dos grãos e adiantou a colheita em várias regiões. Agora, o ritmo está mais lento: no Sul de Minas, principal polo de arábica do país, os trabalhos se aproximam de 20% da produção esperada. No Noroeste do Paraná, a colheita avança entre 25% e 30%, enquanto na Alta Mogiana Paulista e no Cerrado Mineiro o percentual gira entre 7% e 10%.
Mesmo diante de uma bienalidade negativa – fenômeno natural que alterna anos de alta e baixa produtividade nas lavouras de café –, a produção brasileira de café em 2025 deve apresentar recuperação. A Conab estima que a colheita total deste ano alcance 55,7 milhões de sacas, um crescimento de 2,7% em relação ao ano passado. Caso a projeção se confirme, será o maior volume já registrado pela estatal em um ano de baixa bienalidade.
A expectativa é que, com a melhora das condições de campo nas próximas semanas, o ritmo da colheita se acelere, mantendo a qualidade dos grãos e garantindo o abastecimento do mercado interno e das exportações.