Depois de passar dois anos e mais um tanto comendo o pão amassado pelo próprio cão, o sem-feição, o capeta em pessoa e danação, os companheiros e companheiras boiadeiros do Brasil inteiro finalmente tão fazendo festa e comemoração desde o começo deste mês presente, que foi quando o carretão mudou de direção e a nossa praça boiadeira embicou de vez na subida da ribanceira, né. E é com muita razão, porque a recuperação, que começou até meio de repente, tá sendo muito mais ligeira do que era o esperado pelo povo do mercado. Conforme já é da sabedência geral, aqui no estado de São Paulo, que é a referência pro setor pecuário nacional, a arroba do boi começou o mês valendo 302 reais e fechou esta segunda-feira, dia 16, sendo negociada a 315, com uma alta de 13 reais, isso no curto espaço de duas semanas de serviço, né.
Mas repare a amiga fazendeira que, se fosse pra respeitar rigorosamente a lógica do nosso mercado pecuário, era pra gente tá vendo exatamente o contrário. O caso é que esta arribada geral tá acontecendo logo depois de o Brasil ter registrado os maiores volumes de abate de gado da história do nosso setor, né. Considerando os números do SIF, o Serviço de Inspeção Federal, de janeiro a maio do ano presente foram pro gancho no país inteiro um total de 11,960 milhões de cabeças, o maior resultado de todos os tempos nos cinco primeiros meses do calendário, com um aumento de 1,5% em relação ao período correspondente do ano passado. E de acordo com o IBGE, que é o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a participação das fêmeas nos abates do primeiro trimestre do ano presente também foi a maior da história.
Somando vacas e novilhas, elas representaram 49,2% de todo o gado que foi pro gancho entre janeiro e março, sendo que só as novilhas foram 32,3% do total, o que também nunca tinha sido acontecido antes. Além da desvalorização da cria nestes anos recentes, outro motivo deste crescimento foi o apetite do nosso estimado freguês chinês, que exige animais jovens, com até trinta meses de era, né. Mas a grande novidade é que em maio agora o abate de fêmeas nos frigoríficos com SIF teve uma redução de 2%, ficando em 1,066 milhão de cabeças, e isso é um sinal muito claro de que o ciclo de baixa da pecuária brasileira, até que enfim, chegou ao fim. E se o boi já tava subindo antes, mesmo quando tinha fartura de gado na indústria, o mais certo é que, daqui pra frente, a nossa praça boiadeira embale de vez na subida da ribanceira.