A expedição Confina Brasil 2025 já está na estrada iniciando o levantamento in loco de cerca de 150 confinamentos e semiconfinamentos, em 12 estados brasileiros após meses de preparação intensa. O projeto é uma realização Scot Consultoria, organizado pela agência Bela Magrela, apoiado por empresas e instituições do agronegócio.
O objetivo desse trabalho é coletar dados atualizados e padronizados da pecuária intensiva nacional e, ao final da expedição, produzir o “Benchmarking Confina Brasil” — um relatório que traça um panorama técnico da pecuária de corte no país, com indicadores sobre nutrição, sanidade, bem-estar animal, gestão, infraestrutura e tecnologia.
Nos próximos quatro meses, a equipe percorrerá o Brasil em quatro grandes rotas: partindo do Sudeste, passando pelo Nordeste e Norte, cruzando o Centro-Oeste e encerrando no Sul. Além de mapear sistemas produtivos, a expedição busca entender quais tecnologias têm impulsionado o setor, como a gestão tem evoluído e quais as particularidades regionais que moldam a pecuária de corte brasileira — tudo isso enquanto cruza paisagens que revelam a beleza e a diversidade do nosso país.
O trabalho também segue de forma remota: os analistas da Scot Consultoria atuam no escritório para ampliar o mapeamento, atualizar informações de propriedades já visitadas em anos anteriores e gerar dados estratégicos sobre a pecuária intensiva nacional.
Aquecendo os motores!
Entre os dias 26 e 29 de maio, a equipe técnica do Confina Brasil 2025 percorreu confinamentos em Conceição das Alagoas-MG, Jaboticabal-SP, Bebedouro-SP e Altair-SP, como parte da rota de treinamento. Essa etapa marca um momento essencial para a pesquisa-expedicionária, que irá percorrer o Brasil pelos próximos quatro meses.
Durante a rota, o questionário final passou por sua última rodada de testes, após ajustes realizados em parceria com os apoiadores institucionais e empresas parceiras do projeto. Os dados coletados integram o banco de informações que dará origem ao Benchmarking Confina Brasil 2025, um retrato fiel da pecuária de corte nacional.
Participaram dessa rota os técnicos responsáveis pela aplicação da pesquisa este ano (médicos-veterinários, zootecnistas e agrônomos), além dos analistas de mercado da Scot Consultoria, convidados para acompanhar a dinâmica do trabalho em campo. Além da validação de toda a logística da visita e aplicação da pesquisa, essa experiência permite a troca de conhecimento entre equipe técnica, analistas e produtores.
Na semana passada, a primeira parada foi no Confinamento Planalto da Fazenda Boa Esperança, em Conceição das Alagoas-MG, que alia tradição, gestão familiar com forte presença feminina e integração lavoura-pecuária. A diretora pecuária, Angélica Mello Boldrini, destacou a atenção ao bem-estar animal no manejo, como o uso de tronco hidráulico e a preocupação com o embarque, visto como um momento crítico da operação.
Já na terça-feira (27), em Jaboticabal-SP, o Sítio Coqueiro mostrou a força da sucessão familiar e da adaptação. Liderada por Laís Bellodi, a propriedade está em fase inicial na atividade de confinamento e, mesmo com estrutura simples, tem avançado com organização, criatividade e foco na resiliência.
No mesmo dia, a equipe seguiu para Bebedouro-SP, onde conheceu o Confinamento Gaivota, do Grupo Dinardi. Com foco em eficiência, a operação adota um sistema boitel em cerca de 80% dos animais e utiliza ferramentas de gestão como brincos coloridos, que diferenciam os lotes por destino comercial. A nutrição é ajustada conforme o mercado, com acompanhamento técnico contínuo.
Por fim, na quinta-feira (29), a visita técnica foi à Fazenda Santa Rosa, do Grupo Campanelli, em Altair-SP. Referência em tecnologia desde 1997, o confinamento se destaca pela estrutura moderna, uso de compostagem, integração com a agricultura e uma fábrica de ração automatizada, com laboratório próprio para controle de qualidade. A operação alia produtividade, bem-estar animal e sustentabilidade em todas as etapas do processo.
Pé na estrada: como foi o primeiro dia?
No primeiro dia de visita, o Confina Brasil esteve em Altinópolis-SP, visitando dois confinamentos.
Pela manhã foram recebidos pelo Alan Cunha, coordenador do confinamento CSAP. A fazenda se destaca pela adoção de estratégias para enfrentar um dos grandes desafios da pecuária nacional: a armazenagem de insumos. Na propriedade, duas soluções são as mais utilizadas: o galpão inflável e o silo bolsa. Estas estratégias garantem praticidade e otimiza o espaço disponível na área.
No período da tarde, eles foram até o confinamento Agroperlan, no mesmo município, onde foram recepcionados pelo Caio Furlan, que é sócio proprietário do negócio. O confinamento ocupa 20% da área total da propriedade, sendo o restante destinado à produção de café. Um dos principais destaques observados foi a preocupação com a sustentabilidade: os dejetos gerados no confinamento passam por um processo de tratamento com base em um estudo desenvolvido por um professor parceiro. Esse processo visa o enriquecimento dos resíduos, transformando-os em adubo orgânico para aplicação na lavoura, promovendo o reaproveitamento dos nutrientes.
Imagem: Bela Magrela