Após acumular alta de 82% desde janeiro do ano passado, o preço do café arábica encerrou o mês de maio com avanço de 4,6%. No entanto, os valores começaram a recuar em junho com o avanço da colheita nas principais regiões produtoras do Brasil. Segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, posto na capital paulista, voltou a operar abaixo de R$ 2.200 por saca de 60 kg — patamar que não era registrado desde dezembro de 2024, em termos nominais.
Na parcial de junho (até o dia 16), a retração acumulada no preço do arábica é de 7,2%. O cenário é ainda mais acentuado no caso do robusta. O Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6, peneira 13 acima, a retirar no Espírito Santo, acumula queda de 8,65% no mesmo período, voltando a ficar abaixo de R$ 1.300 por saca — nível semelhante ao de agosto de 2024.
A pressão vem da intensificação da colheita. Levantamento do Cepea mostra que entre 20% e 25% da safra de arábica já foi colhida até a última semana. No caso do robusta, os trabalhos se aproximam da metade do volume esperado. A expectativa é que a produção do robusta supere as 20 milhões de sacas, o que deve ajudar a compensar a menor oferta de arábica esperada para o ciclo 2025/26.
Especialistas indicam que os preços só devem se estabilizar no início do próximo ano, com a consolidação da safra e a recomposição dos estoques globais. Agentes do mercado também apontam que o repasse ao consumidor final — que ainda sente os efeitos da alta acumulada — tende a ocorrer de forma mais significativa apenas em 2026, com previsão de alívio nos preços do café nas prateleiras a partir do ano que vem.