O barulho estarrecedor dos canhões, das bombas e dos aviões tá avisando que lá no médio oriente a imbecilidade humana, a cobiça desenfreada dos poderosos, o descaso com a justiça e o desprezo pela vida tão mais uma vez triunfando e afundando a humanidade em mais uma guerra, cujo principal resultado será, como sempre, o empilhamento de milhares de cadáveres em rios de sangue, debaixo da sombra de bandeiras de diferentes cores mas igualmente assassinas. Nada é mais difícil do que ter sabedência de tamanha e crudenta matança sem nada poder fazer pra ela parar, mas independentemente da nossa impotência o mundo vai continuar girando e a gente precisa saber o que fazer pra poder continuar lidando, né. Pois então, a primeira conclusão a respeito das conseqüências desta desgraça é que ela vai prejudicar bastante os companheiros e companheiras produtores brasileiros.
A fumaça das primeiras explosões ainda nem tinha se dissipado lá no Irã e o preço dos fertilizantes já tava disparado no rumo de morro acima, isso porque o país persa é o terceiro maior exportador mundial de adubos à base de ureia e um dos principais fornecedores deste insumo ao Brasil. Na mesma hora, o petróleo, que tá na base de quase tudo o que a gente faz no campo e na cidade, também emparelhou e pegou o mesmo trieiro. Na outra mão de direção desta estrada, a exportação de vários produtos da nossa agropecuária já tá sendo prejudicada pela extraordinária falta de segurança nas rotas de transporte usadas daqui pra lá e de lá pra cá. No caso das carnes de frango e de boi, alguns dos mais importantes fregueses do Brasil são lá daquela região ou de perto dela, com o os Emirados Árabes Unidos, o Egito, a Arábia Saudita, a Líbia e o próprio Irã, este por vias indiretas, né.
Conforme já é do conhecimento geral, por causa desta mesma inquerência atual o governo iraniano já tava debaixo de um forte bloqueio econômico internacional, decretado pelos Estados Unidos. Foi por este motivo que, em 2024, os Emirados Árabes Unidos, que têm pouco mais de dez milhões de habitantes, foram nada menos que o segundo maior importador de carne bovina do Brasil, comprando 84,130 mil toneladas, sendo que no ano retrasado o país tinha arrematado um terço dessa quantidade, e o que todo mundo viu foi que essa mercadoria foi praticamente toda repassada pro Irã. É verdade mesmo que agora em 2025 o apetite deles diminuiu, mas pras exportações brasileiras é absolutamente fundamental manter abertas as porteiras não só dos Emirados mas de toda a região. Mas por muito mais do que isso, o que a gente quer, profundamente, é que a matança pare imediatamente.
