O governo federal anunciou nesta segunda-feira (30) o Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pronara), por meio de decreto presidencial. A medida foi oficializada durante o lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar 2025/2026 e prevê a “redução gradual e contínua do uso de agrotóxicos” no país.
A iniciativa gerou reação do setor produtivo. A CropLife Brasil — entidade que representa empresas de defensivos químicos, bioinsumos, sementes melhoradas e biotecnologia — divulgou uma nota à imprensa afirmando ter sido surpreendida com a medida e criticando a ausência de diálogo com a indústria e os produtores rurais.
“A indústria e os usuários finais dessas tecnologias não foram convidados para participar da construção do programa. Esses atores possuem conhecimento técnico e experiência prática que poderiam contribuir com políticas públicas mais equilibradas”, afirmou a entidade no comunicado.
A CropLife argumenta que o setor agrícola brasileiro já adota há anos boas práticas no uso de defensivos, como o Manejo Integrado de Pragas (MIP), que combina métodos químicos, biológicos e genéticos para aumentar a eficiência e reduzir impactos.
“O agricultor é o principal tomador de decisão no campo. É a partir da sua experiência e conhecimento que se define a melhor estratégia para cada realidade produtiva”, diz a nota.
A entidade também destacou que as novas moléculas aprovadas recentemente apresentam perfil toxicológico e ambiental aprimorado, maior seletividade e exigem menores doses.
“Acelerando os processos de análise regulatória, o Brasil poderia ampliar o acesso a tecnologias seguras e eficientes, fortalecendo a competitividade da agricultura nacional”, apontou.
A CropLife lembrou ainda que o Brasil possui uma das legislações mais rigorosas do mundo para o registro de defensivos agrícolas, com exigência de avaliação de risco por órgãos como IBAMA e Anvisa.
“Qualquer política que limite o acesso a essas tecnologias sem avaliação técnica adequada pode comprometer a produtividade, os investimentos em inovação e o abastecimento de alimentos de qualidade para a população”, alertou.
A nota finaliza reforçando que o setor está aberto ao diálogo e defende políticas que promovam educação, uso seguro e inovação no campo.
“O setor produtivo brasileiro tem compromisso com a sustentabilidade e se coloca à disposição para contribuir com soluções que garantam alimentos em quantidade e qualidade, abastecendo tanto o mercado interno quanto o internacional”, concluiu.