A intensificação da colheita do feijão carioca em Minas Gerais e Goiás provocou queda nas cotações do grão ao longo da última semana. Levantamento do Cepea indica que a entrada de lotes com boa qualidade no mercado acontece em um momento em que parte dos empacotadores ainda restringe as compras, focando apenas na renovação de estoques. O resultado é uma pressão sobre os preços dos grãos comerciais e também dos lotes de melhor padrão.
No Paraná, principal estado produtor de feijão preto, o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura do Estado, aponta que 98% da área da segunda safra já havia sido colhida até o fim de junho.
Apesar do cenário de pressão, o consumo interno permanece ativo. Como destacou o Ibrafe em boletim recente, é comum que, em períodos de safra concentrada, surja a falsa impressão de que o brasileiro parou de consumir feijão. Mas os dados do varejo mostram outra realidade: “o feijão continua girando, mas consome-se muito agora, pois está baratíssimo na gôndola”.
O texto também reforça que os produtores mais estruturados estão optando por armazenar os grãos em vez de vender abaixo de R$ 220 a saca, especialmente em regiões como o Vale do Araguaia, em Goiás. “Se todos resolvessem vender agora todo o feijão colhido, o preço poderia despencar para abaixo de R$ 100/sc”, alerta o boletim. A armazenagem, nesse contexto, torna-se uma ferramenta estratégica para manter a estabilidade do mercado ao longo do ano, como já é feito em países como os Estados Unidos.
Além disso, o setor articula, com apoio parlamentar, uma campanha nacional para ampliação do consumo, reforçando a importância do feijão na dieta do brasileiro e valorizando a produção nacional.