Com o tempo cumprindo o seu roteiro costumeiro de querer ser mais ligeiro do que o cavalo rei dos parelheiros, o julho já tá chegado nos seus dias derradeiros e agora faltam só dois dias e mais algumas horas pra confirmação da agressão traiçoeira daquele descompensado emocionalmente, que é o presidente estadunidense, contra a economia brasileira. Aí, considerando que dificilmente vai acontecer alguma coisa nova que seja suficiente pra mudar a situação antes do prazo vencer, o caso é de começar a pensar e planejar o que é que a gente vai fazer daqui pra frente, né. Pois então, fazendo aqui a recordação de que, no caso da carne bovina, os Estados Unidos compram do Brasil o equivalente a 2% da nossa produção, o que não é pouca coisa, a primeira questão é arrumar na nossa freguesia que queira ficar com esta mercadoria.
Logicamente que isso não vai ser assim de repente, mas repare o amigo pecuarista que o fechamento da porteira lá do gigante nortista pra carne brasileira vai provocar uma reorganização geral do mercado internacional. Sem o nosso produto, os importadores norte-americanos vão ter de aumentar suas compras de outros fornecedores, como a Austrália, a Argentina, o Uruguai e a Nova Zelândia. Acontece que, primeiramente, em todos estes países a oferta tá apertada e, segundamente, todos eles teriam de deixar de atender, pelo menos parcialmente, outros clientes da sua lista, que por sua vez vão ter de campear na praça quem possa completar o seu abastecimento. Tomando cuidado pra não contar com o ovo antes de a galinha botar, isso pode sim abrir espaço nestes mercados pros exportadores brasileiros, e olha que neste terreiro têm muito freguês importante, como Japão, Coreia do Sul e outros.
Por outro lado, olhando aqui pro nosso mercado caseiro, o delírio tarifário do agressor do norte não vai ser suficiente forte pra mudar o rumo do setor pecuário e evitar a entrada de um novo ciclo de alta, porque quem manda neste eito é a natureza. Sendo assim, daqui pro final do ano é certeza que a oferta de gado terminado vai encurtar e o valor da arroba vai ter de subir. Já a respeito do comportamento da demanda, conforme é da sabedência da companheira fazendeira, na metade derradeira do ano o orçamento do trabalhador tá menos apertado e a fome de carne do consumidor brasileiro aumenta. E no segundo semestre a exportação também sempre registra crescimento, o que pode compensar em alguma medida a ausência dos Estados Unidos. Sem querer então diminuir a gravidade da situação, dá pra acreditar sim que a assombração pode não ser tão feia assim.
