O Cepea, que é o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq de Piracicaba, aqui no estado de São Paulo, divulgou na semana passada o seu levantamento a respeito do movimento no setor leiteiro brasileiro em outubro, e o resultado tá sendo motivo de preocupação pros companheiros e companheiras que ganham a vida nesta lida de criar bezerra e ordenhar vaca leiteira. O caso foi que, na média nacional, o preço recebido pelo pecuarista no mês passado, pelo leite entregue na usina em setembro, piorou pra R$2,44 o litro, com uma queda muito dolorida de 4,2%, comparando com o pagamento anterior, e de 19% em relação ao período correspondente de 2024, e isso em termos reais, ou seja, já descontando a inflação oficial acontecida nestes meses considerados.
Esta foi a sexta queda mensal seguida, e de novo a explicação dos especialistas é igual à das outras vezes, sendo que o motivo principal desta atual derriçada geral é o aumento da produção em boa parte das regiões leiteiras brasileiras. Conforme a gente até já falou aqui, isso aconteceu primeiramente porque, no trecho final do ano passado, o mercado tava oferecendo uma boa rentabilidade, e aí o pecuarista investiu na atividade e a vacada respondeu. Além disso, agora mais recentemente, com a mudança da estação, o país já tá na safra do capim, e nestas horas a fartura no tanque de resfriamento é natural, né. Pois então, de acordo com a pesquisa do Cepea, o volume recebido pelas indústrias registrou um crescimento de 5,8% de agosto pra setembro, e de 12,2% no total acumulado desde janeiro.
Ao mesmo tempo, no mês retrasado as importações tiveram uma forte alta de 20% em relação a agosto, e mesmo tendo apresentado uma redução de 4,8% nos nove primeiros meses do ano presente, comparando com o 2024, ainda somaram o equivalente a 1,65 bilhão de litros. Por outro lado, apesar do abastecimento assim desapertado, o consumidor brasileiro continua vasqueiro e alongado do mercado e, também por conta deste procedimento, o preço dos principais derivados continua caindo, como foi o caso do UHT, o leite de caixinha, que levou um tombo de 2,8% no comércio atacadista aqui na praça paulista. E chegando já na parte da conclusão, a previsão dos especialistas do Cepea é de que, pro amigo fazendeiro, não adianta esperar uma reação na cotação antes de janeiro.
