O CEPEA, que é o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da ESALQ de Piracicaba, aqui no estado de São Paulo, divulgou o seu balanço a respeito dos preços que tão sendo praticados no setor leiteiro brasileiro, e o resultado confirmou que o carretão continua destrambelhado e largado na descida do estradão. O caso foi que, na média nacional dos principais estados do mercado, o valor pago ao companheiro fazendeiro no mês passado, pelo produto entregue na usina em outubro, ficou em R$ 2,29 por litro, o que representou um forte tombo de 5,9% em relação ao pagamento anterior, e um afundamento de 21,7% na comparação com o período correspondente do ano passado, isso em termos reais, ou seja, já descontando a inflação oficial registrada de lá pra cá.
Esta foi nada menos do que a sétima queda seguida, e amiga pecuarista que tá aí na frente da televisão escutando esta nossa falação noticiarista pode achar que é notícia requentada, mas a explicação pra esta situação complicada continua sendo, mais uma vez, a mesma que vem sendo repetida aqui mês a mês. A questão é que, como a atividade tava apresentando boa lucratividade no final do ano passado e no começo deste, todo mundo investiu e a vacada respondeu aumentando a produção. E pra completar esta conjuminação, o clima tá favorável e a hora agora é de safra no sudeste e no centro-oeste, enquanto na região sul o rendimento do rebanho diminuiu sim, mas menos do que seria o normal pra esta época atual. Aí, a soma disso tudo tá ajudando o laticínio a marretar a cotação sem dó nem piedade.
Conforme os dados levantados pelo pessoal do CEPEA, de setembro pra outubro o volume de leite entregue na usina teve um aumento de 1,6%, mas no total acumulado no ano presente o crescimento já bateu em 13,6%. Pra piorar, de janeiro a outubro a importação, mesmo tendo diminuído em 3,9% em relação ao período correspondente do ano passado, somou o equivalente a 1,86 bilhão de litros, inundando o mercado brasileiro com leite e derivados estrangeiros. Pois a gente queria muito que fosse diferente, mas a previsão dos especialistas responsáveis pelo levantamento é de que os amigos e amigas pecuaristas que ganham a vida nesta lida vão continuar comendo o pão amassado pelo cão, o própeio sem-feição, cujo nome não deve ser pronunciado, pelo menos até fevereiro ou março do ano que vem.
