Atenção, muita atenção os companheiros e companheiras pecuaristas produtores de leite porque a previsão dos especialistas deu errado e preço, em vez de cair, voltou a subir no mês passado. Segundo o Cepea, que é o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq de Piracicaba, aqui no estado de São Paulo, na média nacional o valor pago aos fazendeiros brasileiros em setembro, pelo produto entregue na usina em agosto, foi de R$2,76 o litro. Comparando com o pagamento anterior, o que aconteceu foi um aumento ligeiro de 1,4%, mas em relação ao período correspondente de 2023, aí a alta foi bem mais substanciosa, tendo chegado a 17,7%, falando sempre em termos reais, ou seja, estando já descontada a inflação oficial registrada no espaço de tempo considerado.
A parte principal da explicação pra esta situação atual é que a oferta não aumentou no tanto que era o esperado pelo povo do mercado. De acordo com a pesquisa do Cepea, de julho pra agosto a entrega de leite na indústria em geral avançou só 5%, sendo que em estados importantes, como Minas Gerais e Goiás, o crescimento foi bem menor até do que isso. O problema foi uma conjuminação de vários motivos, entre eles a questão do clima, primeiro ainda por conta da tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul, depois pela entressafra no sudeste e centro-oeste, e mais recentemente, por causa da forte estiagem e dos incêndios quase no país inteiro, que prejudicaram o bem-estar da vacada e a produção de comida pro rebanho leiteiro, e devem provocar uma alta, que a gente ainda não sabe de que tamanho vai ser, no custo de produção da atividade daqui pra frente.
Por outro lado, conforme até foi falado aqui naquela ocasião, a importação teve um forte esmagrecimento de 25,2% em agosto, o que ajudou o pecuarista a escorar a pressão baixista da indústria laticinista. E com a melhora do poder de compra da população, por causa da redução do desemprego e do amansamento da inflação, o consumo tá firme feito esteio de aroeira e resultado é que, com o estoque diminuindo, a geladeira do fabricante tá a cada dia mais vazia. Já a invasão de produtos estrangeiros aqui no nosso mercado caseiro deve continuar, mas a estiagem, mesmo com a mudança de estação, ainda vai ser motivo de preocupação, porque vai demorar pra pastagem se recuperar e a safra de grãos pode ser prejudicada. Aí, juntando tudo, a produção não deve aumentar muito e a cotação também não vai pegar o rumo de descida no estradão.