No âmbito do Fórum Mundial da Alimentação, foi realizada a terceira edição do Fórum de Investimento Mão na Mão em Roma. O evento reuniu delegações de governos, setor privado, sociedade civil e instituições financeiras de todo o mundo. Nesse espaço, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) apresentaram o Programa de Investimento em Bioeconomia Amazônica.
Na sessão, participaram Mario Lubetkin, Subdiretor Geral da FAO e Representante Regional da FAO; Máximo Torero, Economista Chefe da FAO; Vanessa Grazziotin, Diretora Executiva da OTCA; Esteban del Hierro, Vice-Ministro de Desenvolvimento Produtivo e Agropecuário do Ministério da Agricultura e Pecuária; Saulo Ceolin, Coordenador Geral de Segurança Alimentar e Nutrição do Ministério das Relações Exteriores do Brasil; e Pedro Martel, Chefe da Divisão de Meio Ambiente, Desenvolvimento Rural e Gestão de Riscos de Desastres do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
O programa busca desenhar e implementar uma parceria público-privada baseada em investimentos catalisadores em bens públicos regionais e cadeias de valor-chave para alcançar a transição para uma bioeconomia amazônica, fundamentada em quatro princípios básicos: redução dos altos níveis de insegurança alimentar, pobreza e desigualdades sociais e de gênero; respeito aos direitos, territórios, modos de vida tradicionais e sistemas de conhecimento dos povos indígenas e outras comunidades tradicionais; evitar o ponto de não retorno da floresta amazônica; e garantir práticas agrícolas sustentáveis.
O objetivo deste programa é identificar oportunidades de investimento para consolidar uma nova bioeconomia na Amazônia, baseada em três linhas específicas de investimento: fortalecimento dos sistemas de gestão da informação, tanto a nível nacional quanto regional, vinculados ao Observatório Regional Amazônico (ORA); fortalecimento dos ecossistemas digitais na Amazônia para melhorar os meios de subsistência rurais e aumentar a rastreabilidade de bioprodutos selecionados; e melhoria da gestão pesqueira na Amazônia, com base nos dados existentes sobre o bagre migratório.
O Programa de Investimentos em Bioeconomia para a Amazônia, da iniciativa Mão na Mão, cobre uma ampla gama de bens públicos, serviços e cadeias de valor em 8 países da região (Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela). Ele se baseia em quatro princípios essenciais: reduzir os altos níveis de insegurança alimentar, pobreza e desigualdades sociais e de gênero; respeitar os direitos, territórios, modos de vida tradicionais e sistemas de conhecimento dos povos indígenas e outras comunidades tradicionais; evitar que a floresta amazônica atinja seu ponto de não retorno; e garantir a adoção de práticas agrícolas sustentáveis.
O economista chefe da FAO, Máximo Torero, afirmou: “As áreas em que nos concentramos são de alta prioridade. É uma abordagem territorial que seguimos em todas as iniciativas Mão na Mão. Por que são de alta prioridade? Porque hoje há ali uma grande pobreza, mas são áreas onde as atividades florestais poderiam gerar muitos benefícios e tirar as pessoas da pobreza de forma sustentável”.
Vanessa Grazziotin, diretora executiva da OTCA, destacou: “A região amazônica está muito bem-posicionada para aumentar sua relevância no mercado mundial de bioeconomia, especialmente se os tipos adequados de investimento e ações estratégicas de curto prazo forem implementados”.
Mario Lubetkin, subdiretor-geral e representante regional para a América Latina e o Caribe, ressaltou: “A FAO está implementando 125 projetos em oito países amazônicos. Esses projetos representam um investimento de 356 milhões de dólares, cobrindo uma ampla gama de temas e áreas técnicas.”
Cooperação para impulsionar a bioeconomia amazônica
Fruto das reuniões bilaterais entre a FAO e a OTCA com governos e o setor privado, foi possível identificar mais sinergias e projetos em desenvolvimento na Amazônia. Por exemplo, a Nokia apresentou sua inovadora infraestrutura de conectividade subaquática, já implementada em 400 comunidades amazônicas, beneficiando 500.000 usuários. Esta tecnologia, especialmente projetada para a floresta tropical, oferece uma solução mais segura e confiável, com custos reduzidos de manutenção, garantindo a continuidade do serviço em regiões remotas.
Na reunião, foi sublinhada a necessidade de compreender melhor as demandas de conectividade a partir da perspectiva de diferentes usuários, como hospitais ou pequenos agricultores. Além disso, foi destacada a relevância da modularidade e replicabilidade dos ecossistemas digitais propostos, e foram identificadas áreas específicas que devem ser priorizadas em termos de conectividade. Será avaliada a possibilidade de formalizar um acordo de colaboração entre a FAO, OTCA e Nokia.
Texto: Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)