Uma coisa que sempre deu e sempre vai dar muito pano pra manga e motivo de discussão e desinteligência aqui no Brasil, como o companheiro boiadeiro tem bem sabedência, é a exportação de gado vivo, né. Volta e meia aparece alguém de algum frigorífico descendo a lenha neste tipo de comércio, dizendo que onde se viu isso, que mandar boiada pra terminação e abate lá no estrangeiro é tirar emprego de trabalhador brasileiro, é matar a industrial nacional, e outras bobagens iguais. Outra inquerência enfrentada com frequência pelo setor é com os supostos defensores dos direitos dos animais, a maioria dos quais entende muito de cachorrinho de madame e só conhece boi por fotografia, nem nunca chegou perto de um navio, mas faz discurso inflamado contra este tipo de transporte, como se fosse um doutor especialista categorizado pra dar opinião a respeito dessa questão, né.
O caso é que, apanhando mas aprendendo, os exportadores tão conseguindo continuar avançando, mostrando que no sistema capitalista o pecuarista tem todo direito de vender a sua mercadoria pra quem pagar melhor e, ao mesmo tempo, investindo na melhoria das condições das embarcações contratadas pra entregar a boiada. Firmando a vista na evolução do mercado, o que tem pra ser contado é que, depois da tragédia da Covid, quando o Brasil ficou quase dois anos sem exportar quase nada, o setor começou a se recuperar em 2022. Naquele ano, foram despachadas pro estrangeiro 150 mil cabeças, que renderam US$192,2 milhões. Já em 2023, o tamanho do rebanho exportado teve um extraordinário aumento de 288,7%, pra 583 mil animais.
O faturamento dos exportadores brasileiros registrou um engordamento de nada menos que 254,2%, subindo pra US$488,6 milhões. Repare agora o companheiro boiadeiro que, de janeiro a setembro deste 2024 que já tá chegado no seu trecho derradeiro, já foram despachadas lá pra fora 771,8 mil cabeças. Esta quantidade só não é maior do que o total embarcado em 2018, quando o volume foi de 784,5 mil, o maior já registrado pelo setor. Considerando então que ainda faltam três meses pra fechar a conta do 2024, a gente já pode dar como feijão contado que ele vai desbancar o dezoito e ocupar o lugar de melhor ano da história da exportação de gado vivo do Brasil.