A relação comercial entre Brasil e França sofreu novo abalo após o deputado Vincent Trébuchet, durante votação simbólica na Assembleia Nacional, nesta terça-feira (26), ao referir-se à carne brasileira como “lixo”. Antoine Vermorel-Marques, dos Republicanos, associou a produção brasileira ao desmatamento da Amazônia e ao uso de agrotóxicos e transgênicos proibidos na União Europeia. O debate, que reuniu políticos de esquerda e direita, expôs preocupações francesas com a concorrência desleal e a sustentabilidade da produção agropecuária sul-americana.
Hélène Laporte alertou que, embora a carne do Mercosul represente menos de 2% do consumo europeu, seu impacto seria suficiente para desequilibrar o mercado francês. A polêmica foi agravada pela suspensão da venda de carne brasileira pelo Carrefour na França, após críticas do CEO da rede, Alexandre Bompard, sobre a sustentabilidade da produção nacional.
Em resposta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil está determinado a concluir o acordo Mercosul-União Europeia ainda este ano, independentemente das críticas. “Eu quero que o agronegócio continue crescendo e incomodando os deputados franceses que atacaram o nosso produto. Vamos fechar esse acordo não apenas pelo dinheiro, mas porque estamos há 22 anos nessa luta”, declarou Lula durante o Encontro Nacional da Indústria (ENAI).
O governo brasileiro tem defendido a qualidade da carne nacional, ressaltando iniciativas voltadas à sustentabilidade, como a recuperação de pastagens degradadas, e reafirmando seu compromisso com práticas ambientalmente responsáveis. Lula enfatizou que o Brasil busca equilibrar crescimento econômico com preservação ambiental, destacando que o país é um dos principais exportadores de carne do mundo e segue padrões internacionais de qualidade.