O Cepea, que é o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq de Piracicaba, aqui no estado de São Paulo, divulgou no fechamento da semana passada a sua pesquisa a respeito do movimento no setor leiteiro brasileiro em agosto, e mais uma vez o resultado mostrou que o mercado tá andando num trieiro bem diferente do que seria o esperado. Conforme o relatório distribuído na praça, na média nacional o preço pago ao fazendeiro no mês recém terminado, pelo produto entregue na usina em julho, ficou em R$2,62 o litro. Descontando a inflação oficial no período considerado, este valor representou uma queda de 1,1%, em relação ao mês retrasado, e de 8,4% na comparação com o período correspondente de 2024.
A parte principal da explicação pra esta nova derriçada na cotação foi, mais uma vez, o aumento da produção, com o índice de captação de leite apurado pelos especialistas do Cepea registrando uma alta de 1% de junho pra julho. Mas o que tá sendo motivo de estranhamento e preocupação pros companheiros e companheiras pecuaristas brasileiros é que, na maior parte do território nacional, a gente tá em plena época da estiagem e, com a pastagem seca e esturricada, a hora deveria ser de entressafra e de queda na produção. Pois a questão é que, no final do ano passado e no começo deste atual, a atividade leiteira tava apresentando uma boa lucratividade, com o custo relativamente amansado, especialmente na parte de alimentação, e aí o produtor aumentou o investimento e melhorou o trato, e a vacada respondeu enchendo o tanque de resfriamento.
Aliás, a pesquisa da produção pecuária do IBGE, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, já tinha mostrado que, no segundo trimestre deste ano presente, o volume de leite entregue na indústria, debaixo de algum tipo de inspeção sanitária oficial, teve um crescimento de 9,3%, pareando com os mesmo meses de 2024. E repare a companheira fazendeira que, pela primeira vez na história, o recebimento do produto nos laticínios foi maior no segundo trimestre do que no primeiro, ainda que o aumento tenha sido mínimo, de 0,1%. Por outro lado, o consumidor continua achando que o preço tá muito caro e, por conta disso, tá alongado do mercado. O resultado é que o povo do setor de distribuição tá apertando os fabricantes, que também tão sendo obrigados a cortar mais ainda a sua margem de comercialização.
