O setor de máquinas e equipamentos registrou retração em agosto de 2025. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o consumo aparente somou R$ 34,3 bilhões, queda de 10,7% na comparação com agosto de 2024. A baixa foi puxada pela redução nas compras de máquinas de produção nacional (-13,2%) e também importadas (-7,2%).
De acordo com a entidade, o resultado mostra fragilidade da demanda doméstica. “Mesmo com o avanço das exportações, que ajudaram a amortecer a desaceleração, o setor ainda enfrenta dificuldades em manter o ritmo de investimentos produtivos”, informou a assessoria da Abimaq.
A receita líquida da indústria caiu 5,6% frente ao mesmo mês do ano passado. A utilização da capacidade instalada ficou em 78,8%, estável em relação a julho, mas 2,9 pontos acima de agosto de 2024. Já a carteira de pedidos apresentou recuo de 2,5%, sinalizando cautela da indústria, da agropecuária e da infraestrutura.
No comércio exterior, os resultados foram mais positivos. As exportações alcançaram US$ 1,26 bilhão, crescimento de 33,6% na comparação anual, com destaque para o segmento de petróleo e gás. As vendas de compressores e equipamentos de filtragem para Singapura responderam por 64% da expansão do mês, enquanto os Estados Unidos ampliaram as compras de máquinas rodoviárias (+67%) e motores e geradores (+54%). Por outro lado, houve queda nas vendas de máquinas agrícolas (-36%) e máquinas-ferramenta (-87%).
As importações, por sua vez, somaram US$ 2,57 bilhões, praticamente estáveis frente a agosto de 2024. A China seguiu como principal fornecedora, com participação de 30,6% no mês. “A participação crescente da China reforça a tendência de substituição da produção local por máquinas importadas”, destacou a Abimaq.
No mercado de trabalho, a indústria empregava em agosto 427 mil pessoas, alta de 0,5% em relação a julho. Na comparação com o mesmo mês de 2024, foram abertas mais de 33 mil vagas, ainda que setores como máquinas agrícolas e máquinas para a indústria de transformação tenham registrado cortes.
A associação avalia que o setor segue desafiado. “Os juros elevados e os custos crescentes de financiamento restringem os investimentos privados, enquanto a perda de mercado nos Estados Unidos e a pressão das importações chinesas trazem riscos relevantes para os próximos meses”, disse a assessoria.
Para 2025, a Abimaq projeta receita total de R$ 290 bilhões, alta de 5% em relação ao ano anterior, puxada principalmente pelo mercado interno. Ainda assim, a entidade alerta que o cenário para 2026 pode ser mais difícil caso se mantenham as tarifas adicionais impostas pelos EUA e a competição com fornecedores asiáticos.
