Autor: Sidnei Maschio
O Cepea, que é o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq de Piracicaba, aqui no estado de São Paulo, acaba de divulgar a sua pesquisa mensal a respeito do rumo que tá sendo tomado pelo carretão no setor leiteiro brasileiro, e o resultado deixou demonstrado que o mercado continua embicado na subida do estradão, mas agora numa toada mais sossegada. O caso foi que o preço pago ao pecuarista em julho, pelo produto entregue na usina em junho, pulou pra R$2,75 por litro, na média nacional, o que representou uma alta de 1,3% em relação a maio deste ano presente, e de 3,2% na comparação com o período correspondente do ano passado. Conforme a companheira fazendeira certamente tem bem conhecimento, este foi o oitavo aumento seguido no valor recebido pelo produtor.
Contando desde janeiro deste 2024 que tá em andamento, a cotação já acumulou um avançamento de 32,1%, isso em termos reais, ou seja, já descontando a inflação oficial acontecida nos meses considerados. Parece bom mas poderia ser bem melhor, isso porque a média deste primeiro semestre ainda tá 14,3% abaixo da que tinha sido registrada na metade abrideira do 2023. De acordo com o pessoal do Cepea, o que tá tirando a força da recuperação da cotação é o aumento da produção nacional, e a explicação é que, com a melhora recente na sua lucratividade, o fazendeiro brasileiro voltou a investir na atividade. Tanto que, de maio pra junho, o volume de leite entregue na usina nos estados pesquisados teve um crescimento de 4,1%.
Outra questão de grande importância a ser levada em consideração é que em junho as importações de leite e derivados somaram o equivalente a 182 milhões de litros, ou 22% a mais do que em maio, e logicamente que a indústria laticinista tá usando isso como freio pra segurar o preço oferecido ao pecuarista, né. E pra completar esta conjuminação empacadeira, o distribuidor atacadista tá com dificuldade pra repassar pro consumidor os reajustes acontecidos no valor do produto, e a pressão baixista já tá batendo na porteira das fazendas leiteiras. Juntando tudo, a previsão dos especialistas do Cepea é de que o preço do leite deve fazer o devorteio já a partir deste mês de agosto, pra desgosto e desenleio dos companheiros e companheiras produtores do Brasil inteiro.