Autor: Sidnei Maschio
A gente tem falado aqui dia sim e outro também, e os companheiros e companheiras boiadeiros disso já têm perfeito conhecimento, que a explicação pro fortíssimo crescimento das exportações brasileiras de carne agora no ano presente é, primeiramente, a queda no preço da arroba aqui no nosso próprio terreiro, que fez o nosso boi gordo ser hoje o mais barato entre todos os principais fornecedores do mercado internacional, falando da cotação em dólar, né. E o segundo motivo é justamente a questão cambial, com a disparada do valor do dinheiro estadunidense em relação ao nosso real, o que melhora muito o poder de competição de todos os produtos que o Brasil vende no estrangeiro, incluindo logicamente a carne, e ainda aumenta a renda do exportador, porque na hora de fazer a conversão das moedas os dólares recebido rendem mais reais, né.
Por conta desta conjuminação subideira, considerando o volume embarcado, a metade abrideira deste 2024 foi o melhor primeiro semestre da história pra nosso setor, e o julho recém terminado também repetiu o resultado, sendo o mês em que o país mais vendeu no exterior desde que a primeira tonelada de carne brasileira foi despachada lá pra fora. Pois então, olhando só este lado da questão, a alta do dólar até que poderia ser motivo de comemoração, mas o jeito que o vento tá batendo neste eito agora já tá merecendo é uma extraordinária preocupação não só do povo da pecuária mas de toda a economia nacional e mundial. O que aconteceu foi que, nesta segunda-feira, dia cinco, o valor do dólar desembestou de vez na subida da ribanceira, indo a R$05,80, o maior registrado desde outubro de 2020.
A razão do grande assustamento que se espalhou pelo mundo inteiro é a situação da economia dos Estados Unidos, que tá dando sinais de grave destrambelhamento, o que afeta direta ou indiretamente a produção e o comércio de tudo no mercado internacional. Simplificando a explicação, vendo de perto o fantasma da recessão e do risco de perder dinheiro, os grandes capitalistas, que vivem de fazer investimentos em qualquer lugar onde eles possam ter boas rendas, vendem suas ações e participações em empresas ao redor do mundo, e vão se refugiar justamente na segurança do dólar, que aí vai parar lá no espaço sideral. O problema é que, no caso aqui no Brasil, isso aumenta o valor dos produtos exportados, sim, mas também pode diminuir a demanda, além de encarecer demais o que a gente importa, como adubos e outros insumos, encarecendo perigosamente o nosso custo de produção.