O preço da carne bovina iniciou um movimento de queda em fevereiro, especialmente na segunda quinzena do mês, reflexo da dinâmica entre oferta e demanda. Segundo Felipe Fabbri, analista da Scot Consultoria, o mercado registrou um cenário aquecido no final de 2024 e no início de janeiro de 2025, impulsionado pelo pagamento do 13º salário e bonificações.
“No início do ano, o consumidor brasileiro teve um poder de compra melhor, apoiado por uma massa laboral mais elevada e um desemprego em queda, conforme indicam os dados do IBGE. Paralelamente, o mercado externo manteve forte demanda pela carne bovina brasileira, tornando janeiro o segundo melhor mês da história para as exportações do setor”, destacou Fabbri.
Apesar desse cenário favorável, a virada de quinzena trouxe ajustes. O especialista aponta que o consumo doméstico perdeu força, principalmente nos cortes mais nobres, com destaque para os cortes de churrasco. “Com o fim das festividades e um acúmulo de dívidas típico do início do ano, muitos consumidores migraram para outras proteínas, como a carne suína, devido à maior competitividade de preço”, explicou.
Do lado da oferta, a participação de fêmeas no abate aumentou, o que elevou a disponibilidade de carne e pressionou os valores da arroba. “Houve uma maior oferta de bovinos para abate na segunda quinzena de janeiro, impactando a arroba do boi gordo, que caiu de R$ 350,00 no final de 2024 para cerca de R$ 320,00 atualmente”, disse Fabbri.
Os cortes dianteiros, mais acessíveis à população, mantiveram demanda aquecida, com alguns apresentando leves valorizações. No entanto, Fabri alerta que, embora os preços da carne possam permanecer mais acessíveis no primeiro trimestre, grandes quedas não são esperadas. “Não devemos ver a picanha a R$ 25,00 o quilo, por exemplo. O mercado tende a ajustes pontuais, acompanhando a sazonalidade de descarte de fêmeas da estação de monta de 2024, que foi desafiadora devido a condições climáticas adversas”, finalizou.