Desde o final do ano passado o povo todo do mercado pecuário já tava falando que, depois da virada do calendário, enfim o ciclo de baixa chegaria ao fim e a nossa praça boiadeira faria o devorteio e pegaria de novo o rumo de subida na ribanceira, né. O problema é que o tempo passou, 2025 começou, o fevereiro agora já tá chegado no seu trecho derradeiro, e o nosso carretão continua enfiado e enleado no mesmo atoleiro, com a arroba tendo até ensaiado uma alta ligeira, mas só pra embicar logo em seguida na descida da ladeira, né. A explicação pra continuação desta febre derrubadeira é a conjuminação de várias situações que tão pesando contra o lado do companheiro fazendeiro, sendo que, destes urubus que tão assentados na porteira, um dos piores é a forte inapetência do consumidor brasileiro, que continua brigado com o açougueiro.
Conforme é da sabedência geral de todo mundo aí da nossa audiência, na metade fechadeira de todo mês, do salário do trabalhador já sobrou só uma doce recordação guardada no fundo do coração, e aí o vivente tem de procurar outras misturas pra comer com o arroz e feijão de todo dia, não por uma questão de preferência, mas por motivo de falta de dinheiro, né. O que tá acontecendo de diferente agora é que este aperto financeiro começou bem antes do que o normal, já lá no final de janeiro, e a explicação é que, este ano, o orçamento das famílias voltou a ficar mais apertado, ao mesmo tempo em que o preço da carne no mercado varejista pegou de novo um trieiro altista. A amiga pecuarista decerto que tem bem recordação de que, no começo do 2024, a arroba paulista tava na faixa dos R$330,00, contra mais ou menos R$320,00 agora no trecho inicial do 2025.
O caso é que nestas últimas semanas, com o aumento na oferta de gado terminado e a recuperação do estoque de mercadoria na câmara fria do frigorífico, o valor da arroba tá despencando e a carne já começou a cair no comércio atacadista, mas o problema é que, como sempre acontece, esta queda tá demorando pra chegar no setor varejista. De acordo com os dados mais recentes levantados pela Scot Consultoria, nesta segunda-feira a carcaça casada de macho inteiro foi negociada aqui no estado de São Paulo por R$18,75 o quilo, com um tombo de 5,5% em relação ao começo da semana passada. Já pro consumidor paulista, considerando os sete dias contados de quinta-feira passada pra trás, o preço médio dos cortes comercializados até caiu, mas foi num percentual ridículo e miserento de só 0,2%.