O Brasil reforçou em março a posição de protagonista no fornecimento global de proteínas animais. As exportações de carne bovina, suína e de frango registraram desempenho expressivo tanto em volume quanto em valor, impulsionadas por uma combinação de fatores: maior demanda externa, diversificação dos mercados compradores e a competitividade estrutural da pecuária brasileira. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/MDIC), com consolidação da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) e da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
A carne bovina puxou parte dessa alta. Com 248 mil toneladas embarcadas, o setor avançou 30,2% em comparação a março de 2024, enquanto a receita somou US$ 1,17 bilhão, salto de 39,6%. O desempenho positivo está diretamente ligado à recuperação do apetite internacional por proteína vermelha, além da capacidade da cadeia produtiva de adaptar-se a exigências sanitárias e operacionais de destinos estratégicos, como China e Estados Unidos.
Na avaliação do presidente da Abiec, Roberto Perosa, os números refletem não apenas a qualidade do produto, mas o equilíbrio do modelo exportador. “Os resultados registrados em março e no trimestre refletem não apenas a competitividade e a qualidade da carne bovina brasileira no mercado internacional, mas também a eficiência de toda a cadeia produtiva, desde o campo até a indústria exportadora. É fundamental destacar que apenas cerca de 30% da produção nacional é destinada à exportação, com cortes, em sua maioria, distintos dos consumidos no mercado interno. Esse processo, além de preservar o abastecimento doméstico, representa uma importante fonte de divisas para o país, contribuindo fortemente para a geração de emprego, renda e desenvolvimento econômico por todas as regiões brasileiras”, destacou.
A carne de frango também teve um mês de resultados robustos. Foram 476 mil toneladas exportadas, 13,8% acima do registrado em março do ano anterior. Em receita, o crescimento foi ainda mais relevante: alta de 18,5%, com faturamento de US$ 889,9 milhões. O volume acumulado no primeiro trimestre chegou a 1,387 milhão de toneladas (+13,7%), com receita de US$ 2,587 bilhões (+20,8%). A sustentação desses números passa, sobretudo, por mercados como China, Arábia Saudita e União Europeia, que continuam ampliando a demanda por carne de frango brasileira, especialmente diante de um cenário global ainda marcado por desafios sanitários e logísticos em outros países produtores.
No mapa das exportações, o Paraná se mantém como principal estado embarcador de frango, com 192,3 mil toneladas, seguido por Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A distribuição geográfica ajuda a entender a solidez da cadeia avícola nacional e a importância da infraestrutura regional no desempenho das exportações.
Já a carne suína teve o maior crescimento proporcional no mês. Foram 116,3 mil toneladas embarcadas (+26,6%), gerando receita de US$ 278 milhões — alta de 44,2%. A abertura de novos mercados, como o México, e a explosiva demanda de países como Filipinas (+85%) e Argentina (+504%) colocam a proteína suína em um novo patamar de valorização e competitividade. Mesmo com a retração das compras chinesas, a diversificação dos destinos tem garantido sustentação às vendas.
“Praticamente todos os mercados importadores de carne suína registraram alta expressiva em volumes no mês de março, com níveis de crescimento acima dos dois dígitos. Isso mostra solidez do setor na diversificação de destinos de exportações, o que deve proporcionar maior sustentação às projeções positivas para este ano”, avaliou Ricardo Santin, presidente da ABPA.