Pecuária

Cotação do leite volta a subir, mas ainda não há motivos para comemoração

Produtor segue encarando dificuldades após aumento excessivo de importações e crescimento da produção nacional

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Sidnei Maschio

03/01/2024 16:48

Leite

Legenda: Cotação do leite volta a subir mas produtor ainda enfrenta dificuldades


Fonte: Pexels

Pecuária

O Cepea, que é o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq de Piracicaba, aqui no estado de São Paulo, divulgou no fechamento da semana passada a sua pesquisa a respeito do preço pago ao produtor em dezembro, pelo leite entregue na usina em novembro, e o resultado deixou os companheiros e companheiras fazendeiros menos desanimados com rumo que tá sendo tomado pelo carretão no mercado. O que tem pra ser contado é que, depois de passar ou últimos seis meses largada na descida da ribanceira, a cotação finalmente voltou a subir. Na média nacional, o valor foi de um R$1,09, o que representou uma alta de 1,3% em relação a outubro do ano recentemente terminado. O problema é que a consumição que o setor tá enfrentando é tamanha que ninguém tem a mínima disposição pra fazer comemoração.


Repare a amiga pecuarista que, na conta de janeiro a novembro, o leite sofreu um despencamento de nada menos que 23,8%. E na comparação com novembro de 2022, o tombo foi maior ainda, de 24,5%, isso tudo em valores reais, ou seja, descontando a inflação oficial acontecida no período considerado. Outra questão merecedora de atenção é que desta vez o comportamento do mercado foi muito variado, conforme a situação particular de cada estado. Nas Minas Gerais e no Goiás o caso foi de estabilidade. No Paraná, o aumento foi de pouco mais do que 2%, mas em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul a arribada ficou acima de 5%. Já em São Paulo e na Bahia, o carretão continuou descendo a ladeira, mas com quedas bem mais ligeiras.

Conforme já é da sabedência geral, o motivo principal dessa despinguelada acontecida ao longo do ano foi a fartura de leite na praça, primeiramente por conta do aumento da produção nacional e, segundamente, por causa do escandaloso crescimento da importação. Mas a entrega do produto na indústria já tinha começado a cair em setembro, sendo que, de outubro pra novembro, a redução foi de 0,7%. Já a entrada de derivados estrangeiros aqui no nosso terreiro chegou a diminuir em setembro, com a queda dos preços aqui no Brasil, mas a apresentou novas altas em outubro e novembro. Juntando tudo e considerando ainda que janeiro é um mês de consumo mais fraco, a previsão dos especialistas do Cepea agora pro começo do ano é de estabilidade ou de ligeira melhora no valor do leite pago ao produtor. O jeito, então, é esperar pra ver, e torcer, né.

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