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Questões do Enem sobre o agro provocam indignação no setor

FPA pede anulação de exercícios e cobra resposta do ministro da Educação

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Pedro Costa

06/11/2023 20:22

Enem

Legenda: 3 questões do ENEM correm o risco de serem anuladas após críticas do setor do agro


Fonte: Puc Goiás

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Algumas questões aplicadas no Exame Nacional de Ensino Médio, o Enem, realizado domingo (05) provocaram indignação de produtores rurais, representantes do setor e até políticos. As perguntas 89, 70 e 71 (números de referência da prova branca) foram amplamente criticadas pelo setor. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) pediu a anulação das questões e pretende convocar o ministro da Educação, Camilo Santana, para prestar esclarecimentos.

Por meio de nota, a FPA defende que as perguntas "são mal formuladas, de comprovação unicamente ideológica" e permitem "que o aluno marque qualquer resposta, dependendo do seu ponto de vista".


Uma das questões cita que na região do Cerrado os conhecimentos locais estão sendo subordinados à lógica do agronegócio e do capitalismo, com bens comuns - como águas, terras e minerais tornando-se propriedades privadas. O texto menciona ainda a super-exploração, mecanização pesada e chuvas de venenos, segundo o enunciado.


Outra questão é sobre a grilagem de terras na Amazônia, com base em um autor que atribui o crescimento do desmatamento na região à expansão da soja. O texto afirma que este não é o fator principal para a degradação da floresta, mas reforça que o problema é baseado também na ação de pecuaristas, ao lado de madeireiros e grileiros.


Em entrevista ao Canal Terraviva, Leticia Jacintho, presidente da Associação de Olho no Material Escolar, credita esse cenário a uma consequência daquilo que os alunos vêm estudando. “Não é uma novidade que os exames estão refletindo naquilo que os alunos estão estudando há 10 anos. É um material didático longe da realidade do setor produtivo”, conceitua Leticia.


Para José Luiz Tejon, que é doutor em educação, entende que a abordagem sobre agronegócio foi incorreta e enxerga a necessidade de mais opções como respostas nas questões. “Vamos colocar perguntas muito mais importantes para formar a cabeça da nossa juventude. Pergunte sobre cooperativismo, como começar uma cooperativa, liderança, começa pequeno e vai crescendo. É como se voltasse ao tempo. É impertinente”, avalia Tejon.


Os parlamentares do setor agropecuário cobram a anulação dessas questões, além de um posicionamento oficial do governo federal sobre o tema, citando desinformação sobre o agro na pergunta. A FPA informa ainda que está tomando ações que incluem a convocação do ministro da Educação, Camilo Santana, para audiências na Câmara e no Senado; requerimento de informações sobre a banca organizadora da prova e referências bibliográficas usadas na elaboração da questão.



Em resposta, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), afirma que as perguntas do exame são elaboradas por professores independentes, selecionados por meio de edital de chamada pública para colaboradores do Banco Nacional de Itens (BNI). O Inep acrescenta ainda que não interfere nas ações dos colaboradores selecionados e que o processo envolve as etapas de elaboração e revisão pedagógica, além da validação por uma comissão assessora. Segundo o instituto, os itens selecionados para a edição de 2023 seguiram todas normativas do BNI

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