A cigana mais veterana lá da praça da matriz acertou na previsão que ela fez, de que o preço do leite pago ao pecuarista subiria outra vez agora neste mês que acabou de ser arrematado, mas nem precisava porque mesmo quem não é doutor especialista nem tem partes com as artes da adivinhação já sabia que isso aconteceria. Conforme a pesquisa divulgada no fechamento da semana passada pelo Cepea, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq de Piracicaba, aqui no estado de São Paulo, o valor médio recebido pelos fazendeiros brasileiros em junho, pelo produto entregue na usina em maio, chegou a R$02,71 o litro. E com o mercado fortemente embicado na subida, esta foi a sétima alta mensal seguida, registrando agora, na comparação com o pagamento anterior, um forte aumento de 9,8%.

Com isso, contando desde janeiro do ano presente, o valor real recebido pelo produtor, descontando a inflação oficial acontecida no Brasil no período considerado, já subiu nada menos que 30,4%. Assim mesmo, isso não tá sendo motivo de grande contentamento pra ninguém, porque este preço de hoje ainda tá 4,8% abaixo do que o leite tava valendo no período correspondente do ano passado. De qualquer maneira, de acordo com os técnicos do Cepea responsáveis pelo levantamento, o motivo principal desta arribada geral na cotação é o esmagrecimento da produção em praticamente todas as regiões do país, principalmente porque, estando desanimado com o rumo tomado pelo carretão, já faz tempo que o fazendeiro brasileiro tá sem vontade e sem dinheiro pra sustentar o investimento na atividade.

Repare a companheira produtora e nossa telespectadora que, de abril pra maio, o volume entregue na indústria apresentou uma alta bem ligeira de 0,1%, mas na soma do trecho já vencido no ano o caso é de uma redução de 7,7%, na comparação com os mesmos meses do 2023. Além do desânimo dos pecuaristas, o que também tá ajudando a diminuir a produção nacional é a entressafra no sudeste e no centro-oeste do país, e o atraso da safra do sul. Já respeito do rumo que o carretão deve pegar no eito, a previsão do pessoal do Cepea é de que a cotação deve se estabilizar ou até voltar a cair de agora pra frente, isso por conta de uma muito possível melhora da oferta interna, da pressão do setor distribuidor atacadista e, ainda, da concorrência com os produtos importados, que vão continuar inundando o nosso mercado.