A gente tem falado aqui com frequência e disso os companheiros e companheiras boiadeiros têm perfeita sabedência, que as exportações brasileiras de carne bovina tão crescendo mais ligeiro do que massa de pão feita com fermento de primeira, por dois motivos principais. Um deles é a situação atual do ciclo da pecuária nacional, que tá no final de um período de baixa, que derrubou o valor real da arroba pra um dos menores níveis já registrados na história. E o outro é a questão cambial, com a disparada do dólar em relação ao nosso real e com o dinheiro norte-americano valendo nesta quarta-feira, pouco mais de R$ 5,50. Juntando as duas coisas, no final da semana passada a arroba do boi brasileiro tava custando US$39.70, sendo a mais barata entre todos os principais fornecedores de carne no mercado internacional.

Logicamente que esta mesma correspondência entre as moedas também tá sendo de grande serventia pra sustentar a cotação em reais de todas as mercadorias que gente vende lá pra fora, como a soja e principalmente o milho, que tá agora em plena colheita da segunda safra e, naturalmente, padecendo debaixo de pressão baixista aqui no nosso próprio terreiro, né. Pois neste ponto da prosa a gente lembra pros amigos e amigas pecuarista que não dá pra perder de vista o fato de que o mesmo dólar que sustenta preço aumenta custo, e isso já tá acontecendo, com o registro nestes últimos dias de altas no valor de fertilizantes e defensivos em geral. E o caso deve ser merecedor de atenção também da parte do confinador brasileiro, especialmente de quem ainda não comprou tudo o que vai ser usado na alimentação do gado que já foi ou ainda vai ser fechado.

Claro que ninguém precisa agora exagerar na preocupação, né, primeiramente porque daqui até a hora de fazer a negociada da boiada ainda tem muita água pra passar debaixo da pinguela, e segundamente porque, pelo menos por enquanto, a previsão dos especialistas pra atual temporada do cocho continua sendo otimista, com a cotação prevista pra outubro no mercado futuro chegando a R$20,00 acima no preço de hoje na praça. De qualquer maneira, caldo de galinha, planejamento e boa gestão nunca fizeram mal a ninguém, e a recomendação é pra pisar leve no chão e assuntar bem o andamento da negociação. E além disso, falando assim no geral, não é todo frigorífico que exporta, o que quer dizer que não vai ser todo mundo da cadeia produtiva da carne bovina brasileira que vai poder aproveitar os benefícios da atual situação cambial.