Os companheiros e companheiras pecuaristas que nos dão a honra de ficar todo dia aí na frente da televisão escutando esta nossa falação novidadeira e noticiarista decerto que têm bem recordação de que as exportações brasileiras de carne bovina pros Estados Unidos tavam esmagrecendo este ano, sendo até que o gigante nortista chegou a perder o segundo lugar na lista dos nossos maiores compradores no mercado internacional, né. Pois o que tem pra ser contado é que o vento mudou de lado, e a fila de navios carregando o produto daqui pra lá voltou a aumentar. Conforme a consultoria agrifatto, com dados da Secex, a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia, em maio os embarques somaram 10,17 mil toneladas, com um fortíssimo crescimento de 123,4% em relação a abril do ano presente.

A primeira parte da explicação pro devorteio feito pelo carretão no eito é que o rebanho norte-americano é hoje o menor da história, e o país tá precisando muito de carne pra abastecer o seu imenso mercado consumidor. Mas desde o começo do ano a Austrália, que era tradicionalmente o maior fornecedor deles, tá tendo mais produto pra exportar e andou recuperando um pedaço da sua freguesia que tinha sido perdida. Acontece que, nestas semanas recentemente passadas, o valor do dólar em relação ao nosso real teve uma alta desembestada, e juntando isso com a situação atual do ciclo da pecuária brasileira e da despinguelada no valor da arroba, o nosso gado é hoje o mais barato entre todos os grandes exportadores mundiais, o que aumenta de maneira extraordinária o poder de competição do nosso produto em relação ao da concorrência, né.

Por outro lado, conforme também é da sabedência geral, mesmo com a queda na produção os Estados Unidos continuam na lista dos maiores exportadores do mundo, e o interessante é que, em vez de diminuir, agora eles tão aumentando os embarques. Segundo a entidade que representa o setor, em abril do ano presente, que é o dado mais recente usado na análise divulgada, o volume despachado somou 111,6 mil toneladas, com uma ligeira reação em relação ao período correspondente do ano passado, enquanto o faturamento chegou a 897,7 milhões de dólares, ou 5% a mais, na mesma comparação. E se alguém tá estranhando esta combinação de rebanho diminuindo e vendas externas aumentando, é justamente aí que entra o Brasil, porque eles compram da gente carne relativamente barata pra fazer hambúrguer e vender lá mesmo, e exportam a parte mais nobre, e bem mais cara, da sua própria produção.